Raquel Anderson
Meio sem jeito, no barranco do rio, tirei a roupa e caminhei... nua, potencialmente, adquiro altivez!
Sempre tateio os lugares por onde minhas mãos e pés se propõe percorrer...
Tateio mais com os cheiros...
O mato, "afrodisíacamente", invade o ambiente e me ganha, sempre... mato é mole, feito cana doce, é duro feito virilidade, é proteção, perdição, vastidão, esverdeamento que faz bem, serve de cama, comida, muro, morada, aromatiza tudo e contorna o rio, a água doce!
Com a intimidade verdejante, devidamente realizada, entrei na água, pisando no mato, nadando...percorri a correnteza e os raios solares, brincando com os galhos, invadiram a água iluminando o meu rosto, eu, plena, pensativa extasiei-me com o som provocado na deliciosa simbiose entre eu, céu, água e a natureza!
Só a água doce possui e comunhão entre calmaria, vegetação, pedras, paus, peixes, cobras, barro e gente, no mesmo instante, socializando a vivacidade de tudo...
Só a água doce, pantaneira, no rio, no corixo, na baía, na cacimba, no açude, mata a sede, banha o homem, o cavalo, sensualiza o mato, abriga os bichos, espelha as folhagens, aterrissa os pássaros, acomoda a chuva e, elegantemente, permite a enchente!
Água doce, naquela tarde quente, ao flutuá-la dialoguei, exaustivamente, com desejos, levados pela correnteza, mas o prazer, ah... o prazer permanece...
E o cheiro bom da vida, do mato, da água doce, a atitude forte, nua, sendo água doce minha, sendo eu, nua, tão sua, na simplicidade brejeira, desejo muitos banhos, reais e nos sonhos!
Maria Rute.
* Por Raquel Anderson.
Rio Aquidauana
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