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Raquel Anderson

Dona Pérola!


Filha, a gente casou debaixo do carramanchão,  o teto verde, enfeitado com florzinhas, pra orná!
Eu, de véu e grinalda, tudo muito bunito, na fazenda!
Eu sei que ele era namorador, mas quando ele veio passar a mão nas minhas pernas, eu não deixei, daí ele disse:
Você vai ser a mãe dos meus filhos!
Sóqui depois do casamento eu tive que permanecer ali, pra cuidar da minha avó doentinha e ele foi pra fazenda que a gente ia morar.
Um mês depois ele voltou pra me buscar e a gente foi pra nossa casa, cada um no seu cavalo, eu tinha um cavalinho.
Só levei uma malinha com umas miudezas, umas mudinhas de roupas, o meu enxoval, meu pai levou depois, num malão, no carro de boi.
Eu tinha 15 anos e nem sabia o que era bilau de homi (risos)
A casa da fazenda era de madeira, um casario velho, despencando, tinha assombração, a gente dizia que não tinha medo, mas tinha.
De noite a gente aproveitava do medo que fingia não ter pra ficar agarradinho...
E eu fazia de tudo, aguava a horta, puxava muita água do poço e lavava roupa no córgo.
Fazia sabão, fazia doce, fogo no chão.
Mas eu acho que agora o mundo tá de ponta cabeça.
Você não acha?
* Eu só sei beber dessas belezuras apaixonantes!!
Raquel Anderson.
PS: Carramanchão, agora, é pergolado
Bilau de homi todo mundo conhece
Ninguém lava roupas no córgo
Não precisamos fingir não ter medo de fantasmas pra ficarmos agarradinhos
Quem puxa água do poço?
Poucas pessoas "agoam" a horta, mas, a Poesia, ahh! A Poesia, ela faz morada, eternamente, dentro de nós!
Viva o amor!

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