Nós campo-grandenses nativos ou adotivos temos o porquê nos alegrar com o aniversário da emancipação política, há 108 anos, de nossa Cidade Morena. Sou dos adotivos, pois nasci em Rio Brilhante, então Entre-Rios, mas, dois anos após, meus pais transferiram a residência para cá, isto em 1933 - hace tiempo, pois. Honro-me por ser cidadão honorário por decisão de nossa egrégia Câmara Municipal. Daqui, minha esposa, meus filhos e muitos de meus netos. Aqui, iniciei minhas atividades profissionais e daqui o eleitorado impulsionou-me para as posições políticas que exerci ao longo de 32 anos ininterruptos. Devo, portanto, muito a esta terra e por mais que eu a adore jamais lhe retribuirei as dádivas que me ofereceu.
Como muitos, li, pelo nosso Correio do Estado (26/08), a entrevista que lhe concedeu o prefeito Nelson Trad Filho. Sinceramente postei-me empolgado com que sua excelência já realizou e as metas que ainda pretende alcançar. Mesmo que não as alcance em face das contingências da política, cujo dinamismo move montanhas, demonstra o jovem alcaide acendrado propósito de mais e bem servir ao seu torrão natal. Por oportuno, quando de minha mocidade (que saudades de minha aurora...) aprendi com o memorável presidente norte americano Francklin Delano Roosevelt um dito que me marcou como exemplo de um homem que enfrentando todas as procelas do "crack" econômico de 1929 em seu país, levantou a fibra de seu povo, enfatizando - "É melhor alcançar triunfo e glória, mesmo se expondo à derrota, do que formar fila com os pobres de espírito que não gozam muito, nem sofrem muito, por que vivem numa penumbra que não conhece vitória, nem derrota". Daí entender eu que não há desafios a temer, e, portanto, é pôr o pé na estrada.... Está certo o prefeito.
Agora o lado curioso do que naquele dia festivo ocorreu-me lembrar. No final da semana, encontrei-me na porta do "King's" com um velho amigo e proeminente líder político. Matamos as saudades e muito conversamos sobre o momento atual de nossa política. Nossas idéias, observações, sempre coincidentes, e ele só lamentou não estar livre como eu de compromissos políticos e partidários entravantes para dizer de público o que sente, o que pensa. Realmente, sinto-me assim espraiando-me na largueza do pensamento, e assim me manifesto até no arraial de meu partido tucano. Posso exprobar o arcaico sistema eleitoral vigente, a deteriorada lei dos partidos políticos, o regime presidencialista macróbio, exaltar o bem que faria ao Brasil o parlamentarismo, condenar o sistema fiscal e tributário, truculento e faminto, dizer que salário não é renda e portanto não deveria ser receita para o fisco, abominar a malfadada CPMF - vício clamoroso tisnada pela mácula da bi-tributação, incrivelmente ainda não reconhecida pelo Judiciário - prestes a ser prorrogada ao talante do presidente Lula e, pasmem, com o voto também de meu partido, cuja direção nacional não ouve suas bases e, sim os interesses de seus dois presidenciáveis, os governadores José Serra e Aécio Neves, ambos com propósitos imediatistas. Perdem o partido e suas excelências adeptos e votos futuros para o DEM (antigo PFL), altivo e aguerrido no papel democrático de ser oposição a tudo de irregular que aí está.
É isso ai.
* Foi deputado estadual, federal, secretário de Estado, conselheiro do Tribunal de Contas. É suplente de senador.