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Giovani José da Silva

HISTÓRIAS DE ADMIRAR: DE VOLTA AO MEIO DO MUNDO (E AO COMEÇO DE MIM...)

Estive nas últimas semanas envolvido com o meu retorno para Macapá e ao trabalho na Unifap (Universidade Federal do Amapá). Foi um ano muito produtivo de viagens, encontros/ reencontros e pesquisas, proporcionado pelo Estágio de Pós-doutorado em História, realizado na UFF (Universidade Federal Fluminense). E, agora que voltei, onde morar? O que comprar para se viver com o mínimo de conforto? Como organizar meu tempo? Para um homem solteiro (e solitário) como eu, tais questões ganham uma dimensão ainda maior do que realmente possuem, mas não me tiram do prumo. Voltar para o Amapá significa cumprir com o combinado de retornar à instituição de origem e permanecer nela, pelo menos, o mesmo tempo em que estive fora. Contudo, significa mais do que isso: representa um recomeçar, um novo começo, desta vez sem as amarras de um relacionamento infeliz! Sinto-me livre e, ao mesmo tempo, ainda um pouco perdido. Voltar à terapia, à natação, às caminhadas no fim da tarde, cuidar da alimentação (não apenas da comida, a de emoções/ sentimentos, também). Descubro e me redescubro alguém que perseguiu tanto a excelência profissional (e, modéstia às favas, a alcançou) e não percebeu, ou fingiu não perceber, que a vida pessoal, a que deveria ser realmente a parte mais importante, foi negligenciada, deixada de lado, enquanto se cuidava de todos à volta, menos de si mesmo... Estou aprendendo, caros leitores, ainda que a duras penas, a me cuidar melhor, a rir mais de mim mesmo e de minhas pequenas (e grandes) trapalhadas, a não ser tão sisudo em relação a tudo e a todos. Não, eu não “fugi” para o fim do mundo (até porque aqui é o meio e não o fim...), tampouco estou fugindo de algo ou de alguém. Hoje em dia me pego assustado por me encontrar em um lugar que já foi bastante inóspito para mim, que eu descubro a cada dia, mais e mais, que foi e é um recanto de bem-aventuranças, de conquistas antes inimagináveis e, sobretudo, onde me quebrei e tive que me refazer/ renascer. Vim para cá sozinho e sozinho cá estou, tentando trabalhar a relação intrapessoal tão descuidada ao longo do tempo. Busco recuperar amizades perdidas, voluntária e involuntariamente, me percebendo menos o professor exitoso e mais o menino/ homem que precisa de carinho, de afeto, de gestos/ ações que traduzam amor. Tento enxergar e reconhecer nos que estão mais próximos suas limitações, seus perrengues que muitas vezes os impedem de oferecer a mim o colo, o abraço, o beijo solicitados. Não, não quero mais tentar controlar tudo e todos a minha volta, nem o tempo, nem os sentimentos, muito menos a hora da chegada ou da partida. Preciso deixar fluir, seguir o curso da vida, sem maiores expectativas, sem ficar em compasso de espera, desejando que o Outro manifeste tudo aquilo que não tem para me oferecer ou simplesmente não quer me dar. Sem cobranças duras, sem planos mirabolantes, com muita disposição para mudar e continuar a ser Giovani, permanecendo ser quem sou para estar aberto às mudanças. Afinal, nunca se sabe quando a vida nos reservará um encontro de olhares (sim, caros leitores, aprendi que encontros virtuais não trazem, em geral, aquele frio na barriga tão gostoso. Além disso, em meu caso, trouxeram muitos dissabores!). Pode ser que eu, de fato, nunca encontre o “amor da minha vida”, a minha “alma gêmea”, a “metade da laranja”, etc., mas já estará de bom tamanho se eu conseguir gostar mais de quem sou, com defeitos e qualidades, sem dar (tanta) importância para a opinião alheia, preservando-me das maledicências, construindo diariamente uma vida pessoal mais saudável (em todos os sentidos) e relaxando se as coisas não saírem exatamente como imaginado/ planejado. O menino que fui/ sou, traumatizado pelo desamor e pelo abandono, precisa de alguém que o cuide, que o ame de verdade, que estenda a mão, sem críticas, toda vez que ele cair. Estou fazendo isso nesse momento da vida: aprendendo a me cuidar e a valorizar mais as relações intra e interpessoais do que a vida profissional e as conquistas que trazem admiração e respeito, mas não trazem a plenitude! Bem aqui, no meio do mundo, recomeçam outras/ novas histórias...

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