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Robinson L Araujo

POR QUE EXISTEM CASAMENTOS EM CRISE?

É importante que se saiba, em primeiro lugar, o que a Palavra de Deus no diz a respeito de uma união: "Portanto, o homem deve deixar pai e mãe e unir-se à sua esposa. E os dois se tornarão uma carne". (Gênesis 2:24 - Bíblia a Mensagem).

Quando pessoas se interessam por uma união, uma vida a dois, é importante saberem que deverão abrir mão de muitas coisas que antes tinham por individual. Isso também é o significado de uma vida conjugal, ou seja, uma vida a dois. No vínculo que ocorre, o casal deve estar disponível para comprometerem-se a uma vida comum, investir em objetivos e interesses mútuos, bem como exercer a sexualidade conjugal.

Segundo Teresa Cristina Martins Silva[2], para que a conjugalidade[3] seja desenvolvida, o casal precisa ter clareza dos valores e desafios que os unem. Além disso, é fundamental que o foco seja positivo e de cooperação entre o casal, pois relações competitivas e com ênfase nos problemas na maior parte do tempo não levam o casal a construir uma relação saudável e íntima, mas desgastante e destrutiva.

Féres-Carneiro (1998), fala que o conceito de conjugalidade está ligado à ideia de identidade conjugal, onde o casal lida, todo o momento, com duas individualidades a fim de se construir um local em comum, vigorando a lógica  do “um e um são três”, ou seja, o encontro das particularidades de cada cônjuge irá culminar na construção de uma vivência própria, algo que identifica o casal.  Ainda segundo a autora, o casamento seria um ato dramático, em que “dois estranhos” se encontram e se redefinem. Portanto, segundo este conceito de conjugalidade, o casal lida ao mesmo tempo com duas individualidades e uma conjugalidade, tendo presente, dois sujeitos, dois desejos, duas percepções, duas identidades individuais que, na relação amorosa, há a presença de um desejo conjunto, uma vida conjugal.

É importante que, depois de casados, essas pessoas entendam que não são mais dois seres diferentes, mas que agora, serão dois seres caminhando na construção de uma vida em conjunto, em seus desejos, conquistas, sonhos e romantismo.

O problema em um relacionamento em dias atuais e acabam por levar em separações, deixando cicatrizes traumáticas na alma é que elas, não querem mais se doar uma para a outra. Reflexo de um mundo cada vez mais consumista e individualista, onde tudo é meu, eu conquistei!

Abrindo um parêntese, tenho um amigo que estava casado e um dia me disse: "vou me separar. Não sei viver uma vida a dois, pois eu quero a minha bolacha, o meu guarda-roupa, o meu...; não aceito dividir nada que tenho". É não teve jeito, pois ele acabou separando de sua esposa.

É importante notar que as relações conjugais são consideradas como preponderante no que tange a qualidade de vida de seus membros. O relacionamento marital tem associação com a saúde e a qualidade de vida, além de ser fundamental para o bem estar psicológico e social dos indivíduos (Dessen & Braz, 2005; Costa,  2005 In Scorsolini-Comin & Santos, 2010).

Quando se olha pessoas que são casadas e estão vivendo uma vida infeliz, pode-se acreditar haver problemas no relacionamento. Segundo Dessen e Braz (2000) os relacionamentos conjugais que apresentam insatisfações podem resultar em aumento do risco de diagnóstico de psicopatologias, de se envolverem em acidentes automobilísticos, de exposição à incidência a doenças físicas, de cometerem suicídio, atos de violência, entre outros. Portanto, uma relação conjugal não satisfatória pode prejudicar a qualidade de vida dos sujeitos envolvidos, podendo levar a sérios prejuízos na saúde destes.

Ainda Karwowski-Marques (2008), aponta diversos estudos que ligam o nível baixo de satisfação conjugal com a presença de psicopatologias como a depressão e a ansiedade. Pode-se notar ainda, que existem níveis de depressão maiores entre o grupo de esposas e também que a correlação entre depressão e satisfação com a situação conjugal são significativas e negativas, tanto no grupo das esposas quanto entre os maridos.

A conjugalidade é sempre construída na relação, não há uma fórmula, pois os esforços e renovação da vida a dois é contínua. Assim, é fundamental que o casal esteja consciente deste processo e que os dois estejam sempre disponíveis para comemorar as alegrias e superar os desafios, bem como reforçar o que os unem no dia-a-dia.

Quando se fala em conjugalidade deve-se lembrar do amor, porém mais importante do que dizer que ama, é importante exercer o verbo AMAR. Amar, como verbo implica em ação. É praticar uma relação de respeito mútuo, de apoio, de cuidado, de crescimento, de admiração recíproca.

Só existe espaço para que a conjugalidade aconteça em uma relação, quando o casal aprende o verdadeiro significado do amor. I Coríntios 13:4-7[4], nos trás algumas conjecturas do verbo amar, vejamos:

O amor nunca desiste.

O amor se preocupa mais com os outros que consigo mesmo.

O amor não quer o que não tem.

O amor não é esnobe.

Não tem a mente soberba.

Não se impõe sobre os outros.

Não age na base do "eu primeiro",

Não perde as estribeiras.

Não contabiliza os pecados dos outros,

Não festeja quando os outros rastejam,

Tem prazer no desabrochar da verdade,

Tolera qualquer coisa,

Confia sempre em Deus,

Sempre procura o melhor,

Nunca olha pra trás,

Mas prossegue até o fim.

Não deixe de expressar o seu amor para com seu cônjuge. Abra mão do individualismo e construa uma relação duo-individual, onde o casal possuem todas as conquistas pessoas centradas na vida à dois; Valorize a pessoa amada e jamais esqueça, para que um relacionamento permaneça firme e seja duradouro, Deus deve estar no centro do relacionamento.

Referências

Dessen, M. A., Braz, M. P. (2000). Rede social de apoio durante transições familiares decorrentes do nascimento de filhos.  Psicologia: Teoria e Pesquisa, set-dez, vol.16, n. 3, p. 221-31.

Féres-Carneiro, T. (1998). Casamento contemporâneo: o difícil convívio da individualidade com a conjugalidade. Psicologia: Reflexão e Crítica, 11(2), 379-394.

Karwowski-Marques, A. P. M. (2008).  Percepções sobre o amor, a qualidade e a satisfação com o relacionamento em casais. 72f. ( Dissertação em Psicologia Clínica). Universidade do Vale do Rio dos Sinos. São Leopoldo, Rio Grande do Sul

SILVA, Teresa Cristina Martins. Conjugalidade: os prazeres e desafios da vida à dois. 2013. Disponível em: <http://www.clinicaacolher.com/2013/03/conjugalidade-os-prazeres-e-desafios-da.html>. Acessado em: 17 abr. 2013.

 


[1] Pastor; Teólogo; Pós-graduado em Aconselhamento e Psicologia Pastoral; Pós-graduado em Terapia Familiar.

[2] Psicoterapeuta e Psicóloga Clínica

[3] A conjugalidade pode ser entendida como a relação que o casal estabelece entre si a partir do momento em que mutuamente se escolhem como companheiros para a vida.

[4] A MENSAGEM - Bíblia em Linguagem Contemporânea.

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