Janela Para o Mundo - Curtas

06/06/2011 00:00:00


Os deputados evangélicos e a máfia das ambulâncias - 19 deputados da chamada bancada evangélica (que tem 62 deputados) são suspeitos de envolvimento no esquema da venda de ambulâncias. O conhecido pastor Ricardo Gondim, de pronto, se manifestou: "o Brasil descobriu que tem lobos vestidos de pastores". Em sua  fala ele defendeu uma reforma entre os evangélicos,  dizendo que os líderes evangélicos "não podem permanecer de braços cruzados corporativamente defendendo meliantes fantasiados de sacerdotes".  O triste é que muitos líderes também estão comprometidos com o sistema, afinal,  como gostam de dizer, "são filhos do Rei" e precisam de um sistema de vida compatível com esse "status".

Políticos sincréticos -  No campo religioso comumente se diz que o sincretismo é muito forte no Brasil. Em tempos de eleições isto pode muito bem ser ilustrado na figura de políticos que domingo, pela manhã, vão a missa; à noite em algum culto evangélico (em Igrejas que gostam de receber políticos e benesses), isto depois de terem procurado um terreiro na sexta. O discurso é sempre o mesmo. Dizem "precisar de rezas, orações ou passes" (dependendo do contexto). No fundo querem mesmo é o voto dos fiéis, que ficam "maravilhados" com a presença do Dr. Fulano ou Beltrano. Quanta burrice! Mas, como gosta de dizer um amigo: "Ainda bem que há um Deus..."

História dos tempos de política -  À título de ilustração: Um político conhecido do Estado, hoje ocupando um cargo de destaque, certa vez ligou da capital para um assessor, no interior. Ele estava num culto religioso. E chegaria à sua cidade (no interior) depois da meia noite. O assessor deveria providenciar uma equipe para um ritual ("sarava irmão!") no Cemitério da cidade, onde ele participaria, madrugada a dentro.  O assessor fez como o combinado. Como um portão que geralmente ficava aberto para facilitar as incursões noturnas estava fechado, difícil foi pular o muro...

Isto não é de Calvino? - "A única coisa que o PSOL pode fazer [na política nacional] é ser uma espécie de Grilo Falante, uma espécie de consciência crítica".  A afirmação de Francisco de Oliveira, um dos fundadores do PT e do PSOL parece ter sido pinçada de um dos grandes nomes da reforma protestante, João Calvino. Ele entendia que a Igreja deve atuar como  "consciência do Estado", no sentido de chama-lo à responsabilidade sempre que algum ato de corrupção tornar-se evidente. Homem de profundo conhecimento, o prof  Francisco, titular da cadeira de sociologia da USP, deve ter lido Calvino. O que não diria o reformador, se vivo estivesse, diante das deformações de nosso sistema? E principalmente da conivência de grande parte da Igreja?

Os ingredientes das campanhas - Com as restrições impostas pela lei eleitoral,  os políticos não precisarão apenas da "sola de sapato" para projetar seus nomes. Existem mecanismos sutis para a difusão de nomes e dos partidos.  Neste ano inevitavelmente grandes obras são anunciadas e algumas até começam a ser executadas. As placas que especificam o que será feito aparecem em todos os cantos. No âmbito social os pobres são prestigiados com o pagamento de festas de aniversário, casamentos (com direito a padrinhos) etc. E os políticos tornam-se fervorosos na religiosidade. Alguns até ganham carteirinha de membro, dependendo da Igreja. Mas, na surdina, acendem uma vela prá Deus e outra para o diabo. Nenhum aliado pode ficar de fora. Finalmente, como haverá economia de recursos, com a extinção dos showmícios e outros mecanismos  anteriormente permitidos, pode sobrar mais dinheiro para as famosas cestas básicas que geralmente são entregues nas vésperas das eleições, algo que não tem como controlar.  A esperança está na mudança das regras eleitorais. O próprio presidente Lula tem falado muito nisto. Vamos torcer para que um dia o discurso se transforme em prática. Só assim  vivenciaremos plenamente a democracia, onde cada cidadão votará sem qualquer tipo de coerção.


dothCom Consultoria Digital - Crônicas