A garota Isabela e o realismo do Salmo 91

06/06/2011 00:00:00


A morte estúpida da menina
Isabela, expõe uma verdade
claramente ensinada pela Bíblia: vivemos num mundo complicado e perigoso. O Salmo 91 talvez seja o texto mais pertinente para respaldar a idéia de que a proteção de Deus impede que o caos seja ainda maior no cotidiano humano. Ao mencionar a peste destruidora, logo no início do texto, o salmista pensava nos perigos biológicos aos quais estamos sujeitos. A qualquer momento podemos ser penetrados por micro organismos e ser vítimas de doenças mortais. Nesta época do ano, basta a picada de um mosquito.

O que seria a "seta que voa", mencionada pelo salmista? Ela indica os perigos circunstanciais, algo fortuito, que alguns gostam de referir-se como sendo a força do azar. Não há nada de moral ou ético envolvido em determinadas tragédias. Ninguém poderia sugerir que as vítimas das torres gêmeas estivessem em pecado na época do fatídico 11 de setembro, nem mesmo aqueles que atribuem qualquer tragédia a pecados específicos.

Os perigos psico-existenciais, lembrados pelo salmista em tempos remotos, talvez se constituam, hoje, nos mais comuns. O "terror noturno" está presente na experiência de milhões de pessoas. É o pesadelo invadindo as mentes, a angústia, o pânico. Em muitos casos, o medo de abrir a porta, ao chegar em casa. As guerras, também lembradas como possibilidades reais, não são necessariamente os embates que desembocam em agressões físicas, mas as situações que podem desmoronar a estabilidade emocional, a qualquer momento, como um emprego que se perde ou os negócios que entram em crise.

Mas, o maior perigo que ronda a vida, todos os dias, é o "laço do passarinheiro". Qual o significado desta expressão? Há concordância entre os teólogos de que o salmista está falando do próprio diabo, que com suas hostes de demônios tem como ação predileta armar arapucas, planejar situações e armar laços para destruir e arruinar a vida das pessoas. Em síntese, ele vive orquestrando desgraças.

A tragédia que vitimou a linda menina que foi jogada do sexto andar de um edifício, em São Paulo, provocando comoção nacional, pode ser explicada a partir deste contexto. A vida humana, dádiva maior do criador, é extremamente frágil. Daí a inevitabilidade de uma pergunta: como viver ou sobreviver? O texto bíblico, que ao expor com honestidade os perigos do cotidiano é denso em expressões negativas começa com uma nota positiva. Fala que a confiança em Deus é a maior garantia que o homem tem contra esses perigos. Descansar na sombra do Onipotente é fundamental.

A confiança que se requer no Altíssimo para se obter vitória sobre as forças que ameaçam a vida, todos os dias, é muito mais do que meramente crer. Ela envolve mais do que um mero conhecimento intelectual. Envolve um relacionamento íntimo com Deus, no sentido de descansar nEle, vendo-o como um Pai amoroso, que verdadeiramente se preocupa com seus filhos. Quando a fé alcança essa dimensão relacional, o homem liberta-se das amarras psicológicas e encontra a proteção mais completa contra os perigos vários do dia a dia.

Em nenhum momento o conhecido texto bíblico promete isenção de dificuldades. Mas, a proteção e o cuidado de Deus. Por isto alguém disse que as dificuldades são bênçãos numa forma oculta, na medida em que podem levar o homem a descobrir as dimensões mais profundas do amor de Deus.

Pastor da Igreja Presbiteriana de Aquidauana
vivaldo-melo@hotmail.com  / www.ipbaq.com


dothCom Consultoria Digital - Rev. Vivaldo Melo