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Violência doméstica

"Os filhos ficam traumatizados e divididos entre o pai agressor e a mãe vítima", diz delegada

Marilda do Carmo Rodrigues lida hoje com diversos inquéritos sob investigação em Aquidauana

Luiz Guido

A Lei Maria da Penha, sancionada em 7 de agosto de 2006, chegou como um mecanismo bastante aguardado de proteção à mulher. Entretanto, apesar da existência da Lei que ampara as mulheres em situação de vulnerabilidade, os casos crescem exponencialmente na região. Em entrevista ao jornal O Pantaneiro, a delegada titular da Delegacia de Atendimento à Mulher (DAM) explica que sua carreira está voltada ao atendimento dos casos de violência doméstica em Aquidauana.

Delegada de Polícia há 18 anos, Marilda do Carmo Rodrigues veio do Estado de São Paulo onde já havia atuado como policial durante 11 anos. Em Mato Grosso do Sul, mais especificamente em Aquidauana, chegou em 2011 e permaneceu durante 4 anos. Após esse período, foi transferida para Campo Grande e voltou para a cidade onde é titular da DAM desde fevereiro deste ano.

“A Delegacia da Mulher de Aquidauana não é só voltada ao atendimento à mulher e a maioria das pessoas não sabem disso. Essa sede compõe três delegacias em uma só: atendimento à mulher vítima, atendimento à criança vítima, como casos de maus-tratos e o mais grave e com maior incidência, que é o estupro de vulnerável, e a Delegacia de Atendimento ao Idoso, quando o crime está previsto no Estatuto do Idoso, a exemplo dos casos de desvio pensão e maus-tratos proveniente de familiares, entre 9 ou 10 crimes previstos na Lei.”, esclarece a delegada.

Marilda relata que, desde 2003, ou seja, há 5 anos é especializada em investigação e atendimento às mulheres vítimas de violência, com vasta experiência na área. Hoje, está sob sua responsabilidade diversos inquéritos. “Na mesma proporção que concluímos nós também instauramos. Infelizmente é uma situação bastante preocupante para quem trabalha com casos de violência doméstica”, diz.

Proteção à mulher

A delegada explica que a expectativa, quando surgiu a lei Maria da Penha, era de que fosse vir com bastante força no sentido de coibir, enfrentar e resolver os casos. Mas, segundo ela, infelizmente os índices dizem o contrário. “A cada dia que passa, a violência não só aumenta como se torna cada vez mais grave. Hoje o que está em pauta é o feminicídio, para nossa tristeza, frustração. A gente percebe que os casos têm aumentado muito, embora discute-se também o fato da mulher denunciar mais, ou seja, tomar a decisão em registrar a agressão.”

Para Marilda, por outro lado, culturalmente, quanto mais a mulher se emancipa, tenta ser independente e rompe a relação, por questões de posse, acontece a agressão que pode resultar na morte da vítima. “Pelo machismo, por esse homem por não se conformar, ele usa da violência física para reafirmar que é proprietário daquela mulher e que vai ser da forma como ele quiser”, analisa sob a perspectiva dos anos de experiência lidando com casos semelhantes.

Esfacelamento da família

Marilda do Carmo Rodrigues diz que os piores casos são os de feminicídio, ou seja, os assassinatos de mulheres cometidos em razão do gênero. “O indivíduo não se conforma com a separação, e sem pensar na família, assassina a mãe dos seus filhos. A violência doméstica atinge toda a família, os filhos ficam traumatizados para o resto da vida e divididos entre o pai agressor e a mãe vítima. Interessante destacar que a violência doméstica não escolhe classe social”, finaliza.

*Com informações de Ivynara Dias e Luiz Guido Jr.

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