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Eu era meio minynota ainda, perto de ser moçoyla e ficava embolada por ali, estorvando, espreitando, sapyando e fingindo de besta, como quem não quer nada, como quem ia pras guavyra, ouvindo as coisa, as novidades, as notícia da cidade.

Sempre que chegava carro a gente ficava curioso.

Descarça, escorada num pé de pau, acomodava o bocaiúva de um lado só do bochecha, apoiava um pé por cima do canela e tomava bença das artoridade locar, juntando as mão, acanhada, falava finiiiinho:

Bença!

Deus te abençoe, minha filha!

Naquele dia vieram três Vereador de Aquidauana, num carro só, aqui, na Ardeia de Taunais.

Tudo combinado pra festa e a arrecadação era prometyda pra reforma do escola que tava um regaço.

Acho que eles precisava mostra serviço pro povo.

No sábado, cedinho, o sor firme já, começou chegar um monte de apetrechos e foi um tar de montar barraca de tudo que era coisa no terreiro, uma beleza a movimentação.

Penduraram luiz e faixa no terreiro inteiro.

Daí, quando o sor já tava quase se escondendo, entrando na boca da noite, desceram, duma pampinha vermelha, um carrinho de cachorro quente, de ferro, branco, lustroso, bonito que só, tinha até capotynha listrada com o desenho, grande, duma sarsicha e tava escrito assim: HOT DOG! Juro por Deus que ninguém aqui na ardeia sabia o que era aquele troço, então, de cara, foi um juntamento pra prová aquela novidade que a Diretora teve até que ajeytá uma fila.

Fila, na Ardeia, sempre tem um cheiro bom do infância de criança pobre que a gente nunca esquece, é uma mistura de ranho do nariz, com carção mijado, bafo e cabelo ensebado, tudo isso misturado com muita risada.

O Cacique, com a ideia de apreciar melhor o movimento, mandou colocar um cadeira em cima duma mesa de madeira e ficou sentado lá.

Do arto, com os braços cruzados,ele espiou melhor, tudo.

Encafyfado com a fila, formada perto daquele carrinho, ele perguntou o que era:

Cachorro quente!

Trás uma desse aí preu vê.

Nunca vi esse tar de cachorro quente.

Trouxeram um inteiro, no capricho, dentro dum saquinho de plástico, branco, então, o Cacique pegou, meio desconfyado, olhou e abriu, afastou uma banda do pão pra cada lado até que, ao se deparará com o sarsicha, inteiro, deu um grito:

Eeeee! Vôti, coisa! Não quero comer esse parte do cachorro não!!!

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