Para petistas históricos, ex-candidato à Presidência deu demonstração de que está disposto a se consolidar como herdeiro do capital político de Lula
Custódio Coimbra / Agência O Globo
Às bancadas do PT no Congresso, Fernando Haddad diagnosticou:
— Nós temos que tirar o PT do SPC (Serviço de Proteção ao Crédito), e não vai ser com o (projeto) do Ciro (Gomes).
Os deputados e senadores presentes na reunião em Brasília, na última quarta-feira, riram da referência à promessa mais famosa de seu adversário, a de livrar 63,4 milhões de brasileiros do cadastro de inadimplentes.
“Limpar o nome” do partido passa, numa síntese do que foi discutido no encontro pelo candidato derrotado à Presidência e parlamentares, por renovação de seus quadros, reaproximação de setores estratégicos, como evangélicos, e refundar a forma de se comunicar com a sociedade.
O diagnóstico será debatido na primeira reunião do diretório nacional do partido depois das eleições, na próxima sexta-feira e no sábado, em Brasília, e traz como pano de fundo uma mudança na cara do PT, que vem sendo defendida internamente.
Herdeiro de ex-presidente
Na leitura de petistas históricos, ao se encontrar com parlamentares, Haddad deu uma demonstração de que está disposto a se consolidar como o herdeiro do capital político do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
— O Haddad representa a renovação do partido, assegurada por 47 milhões de voto. Mais do que tudo, o que o PT precisa hoje é ter uma renovação dos seus quadros — diz o deputado federal Carlos Zarattini (SP).
Em conversas reservadas, alguns petistas vão além. Defendem abreviar o mandato da presidente da legenda, Gleisi Hoffmann, que acaba no meio do ano que vem, e dar a dianteira do partido a outro nome já no início de 2019. Nome imposto por Lula para o comando do PT, ela é criticada internamente pelo “radicalismo”.
Na tentativa de vencer os conflitos internos, porém, Gleisi tem dado sinais de que está disposta a ceder o protagonismo a correligionários que tiveram destaque nas eleições. Na quarta-feira, falou pouco na reunião. Ao ser estimulada pelos colegas a conversar, em entrevista, com a imprensa, deu a palavra a Haddad.
O líder do PT na Câmara, Paulo Pimenta, diz que “a necessidade de uma reestruturação da forma de atuação do partido” já vinha sendo apontada pelo PT antes das eleições, que “deixaram algumas lacunas mais cristalinas”:
— O PT tem 40 anos. De lá para cá, o mundo mudou. A organização da sociedade mudou, e a gente precisa se sintonizar com o que acontece hoje. Nós precisamos ter uma presença mais ativa em relação à realidade da população, nos territórios onde ela vive. Outro aspecto em debate são as novas tecnologias, que mudaram a forma de se comunicar.
Na comunicação, mais que debater, depois das eleições, o PT já traçou como uma questão urgente revisar sua atuação nas redes sociais. O partido atribui à atuação nas redes do grupo do presidente eleito, Jair Bolsonaro, uma parcela da causa da derrota. A ideia agora é criar um setor de “inteligência” na legenda dedicado ao assunto.
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