Algumas pessoas são mais afetadas pelo clima emocional do relacionamento do que outras, diz estudo / Thinkstock
Um novo estudo americano relaciona genética, emoções e satisfação com o casamento. Os autores descobriram que um gene responsável por regular a serotonina, neurotransmissor relacionado ao humor, pode indicar o quanto as emoções afetam os relacionamentos de cada pessoa. A pesquisa foi publicada nesta semana, no periódico Emotion.
?É um mistério o que torna alguns cônjuges mais sensíveis ao clima emocional do casamento, e outros tão alheios?, afirma Robert Levenson, psicólogo da Universidade da Califórnia em Berkeley, Estados Unidos, e um dos autores do estudo. ?Com essas descobertas genéticas, nós entendemos mais sobre o que determina o grau de importância das emoções para diferentes pessoas?, completa.
Os pesquisadores encontraram um link entre o gene 5-HTTLPR e a satisfação em um relacionamento. Uma pessoa possui duas cópias desse gene: uma herdada da mãe e a outra, do pai. Os participantes do estudo que tinham as duas cópias desse gene mais curtas eram mais infelizes no casamento quando havia muitas emoções negativas, como raiva e desprezo, e mais felizes diante de boas emoções, como bom-humor e afeição. Por outro lado, pessoas com um ou com ambos os genes mais longos eram menos influenciadas pelo teor emocional de seus casamentos.
Segundo Claudia Haase, professora da Universidade de Northwestern e autora do estudo, porém, isso não significa que pessoas com diferentes variações desse gene são incompatíveis, mas que as pessoas com os genes mais curtos são mais propensas a sofrer quando estão em um relacionamento ruim.
Pesquisa ? O estudo contou com a participação de 156 casais de meia idade e mais velhos que estavam sendo acompanhados desde 1989. A cada cinco anos eles iam à universidade falar sobre sua satisfação com o casamento e interagir entre si, enquanto os pesquisadores analisavam suas expressões faciais, linguagem corporal, tom de voz e tema da conversa.
Mais recentemente, 125 desses participantes forneceram amostras de DNA, e os pesquisadores relacionaram suas características genéticas com seus níveis de satisfação conjugal e teor emocional demonstrado nas interações no laboratório.
Esse link entre a genética, as emoções e a satisfação conjugal foi mais expressivo em pessoas mais velhas. ?Uma explicação para isso é que mais tarde na vida ? assim como no início da infância ? nós somos mais suscetíveis à influência dos nossos genes?, afirma Levenson.