Maria de Lourdes Medeiros Bruno
SORTILÉGIOS DA LITERATURA
Há de se observar na novela “Pantanal” uma transformação ficcional levada pela força de uma personagem: “Bruaca” ou “Maria Bruaca”, interpretada por Isabel Teixeira.
Personagem levada a quase invisibilidade, pelo marido “Tenório”. Homem tosco. Grosso e sem nenhuma educação ou escrúpulos.
No imaginário, “Tenório” é o dono da vida de cada um dos seus familiares, mas a famosa Maria Bruaca em seu silêncio o que poderia ser colocado como “silêncio ensurdecedor”, se fez notar.
A cada instante se revelou, ficcionalmente, abafando as outras personagens femininas em destaques (ou que deveriam ser).
Mas a vida e cada personagem, embora não pareça vai adquirindo independência. Fugindo da teia narrativa do narrador.
Mágico?
Não, apenas que a força de uma interpretação se fez notar a partir do momento que a expressão visual, da força de um olhar esverdeado toma conta das imagens e das ações, de toda uma natureza pantaneira.
Fala mansa. Macia e quase que resignada, chegou ao clímax da libertação.
A cena da personagem no teto da chalana foi reveladora e a fez crescer, nos céus pantaneiros, colorindo-o ainda mais, mesmo com as poucas e marcantes tomadas de cena!
Quase que sempre com o mesmo modelo de um vestido .
Os passos de uma quase submissão!
Caminhando pelos cômodos da casa, quase que furtivamente a “Bruaca” se fez Maria!
Maria de Lourdes Medeiros Bruno
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