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Paulo Corrêa de Oliveira

RÁPIDAS IMPRESSÕES DE UM PEREGRINO – II

Conforme me propus no artigo anterior, vamos completar as observações sobre nossa viagem à Terra Santa.

É impressionante a veneração do povo judeu pelo Muro das Lamentações. Esse muro fazia parte da sustentação do Templo de Salomão, destruído no ano 70 A.D. pelos romanos e nunca mais reerguido pelos judeus.  Numa referência do Evangelho, nesse local, Jesus, com doze anos, foi encontrado sentado entre os doutores da lei, ouvindo-os e interrogando-os, visto que seus pais o consideravam perdido no caminho de regresso para Nazaré.

Um tapume separa o muro em duas partes para que homens e mulheres, segundo a religião judaica ortodoxa, façam suas orações separadamente. Os homens, com a cabeça coberta, oram, acompanhados por um movimento rítmico do corpo.O guia turístico que nos acompanhava nos explicou que a oração depende de uma energia espiritual e corporal, demonstrada pelo movimento físico. Para eles, o Muro é o santuário mais sagrado do judaísmo. É o lugar mais próximo de Deus. Realmente, forma uma imensa sinagoga estabelecida ao ar livre. O respeito e veneração se tornam evidentes quando eles terminam suas orações. Afastam-se, então, alguns metros do Muro sem lhes dar as costas, e, só depois numa reverência, voltam-se para sair. 

As pequenas rachaduras do Muro são preenchidas com pedidos escritos em papéis enroladinhos. Soubemos que eles se referem a pedidos de recuperação de doentes, pela paz em Jerusalém e a vinda do Messias, pois para eles, o Messias ainda está por vir.

Quando estávamos junto ao Muro das Lamentações, vimos um garoto lendo o Tora durante a cerimônia de seu Bar Mitzvah. Para as crianças judias, é o equivalente à primeira comunhão dos católicos. Representa a passagem para a vida adulta.

O garoto estava cercado por parentes e amigos do lado dos homens. Por cima da cerca, e do lado das mulheres, via-se a cabeça de sua mãe aparecendo, bastante emocionada, acompanhando do seu lugar, mais distante, junto às outras mulheres, a cerimônia do filho.

No último dia de nossa permanência em Jerusalém, estivemos na Via Dolorosa, uma ruazinha estreita e sinuosa, onde Jesus fez sua última caminhada para a condenação e morte na cruz. Acompanhamos, nesse trajeto, a Via Sacra. Em quase todas as estações existe a edificação de uma igreja, identificando o local do acontecimento. As cinco últimas estações, entre elas a da crucifixão, do local da unção do corpo de Jesus descido da cruz, e da tumba do sepultamento, estão no interior da Igreja do Santo Sepulcro. A primeira igreja foi construída em 325 A.D., por ordem do imperador Constantino. Destruída depois pelos persas em 614. Foi reconstruída, e novamente destruída pelo Califa Hakin, em 1009. A igreja atual foi construída em 1149 pelos cruzados.

Jerusalém tem sido objeto de disputas, através dos séculos, de egípcios, assírios, babilônicos, persas, gregos, romanos, bizantinos, árabes, cruzados, mamelucos e otomanos. Nesses acontecimentos, vemos a paz de Jerusalém como um desejo da humanidade através da história.

Jerusalém centraliza três correntes religiosas monoteístas que a consideram terra sagrada: o Judaísmo, o Cristianismo e o Islamismo.

Como conclusão final, podemos dizer que a peregrinação à Terra Santa, visitando os lugares onde Jesus andou, nos dá uma visão mais clara dos escritos dos Evangelhos. Conhecendo o deserto, as cidades de Nazaré, Belém, Cana, Cafarnaum, e principalmente Jerusalém, vamos aprofundando nossos conhecimentos no roteiro da fé. E a impressão da presença quase física de Cristo vai se acentuando.

As águas do rio Jordão, do Mar Morto, e sobretudo, do Mar da Galiléia nos incitam a volver ao passado bíblico.

Temos que concordar com a propaganda oficial do Ministério do Turismo de Israel: depois dessa visita, nossa vida nunca mais será a mesma.

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