Hoje em dia, todo mundo fala sobre meio ambiente como se fosse discussão sobre futebol ou novela. Alguns estão realmente preocupados com o futuro do Planeta, outros apenas em defender o seu torrão.
Uns simplesmente criticam, sem conhecer outras realidades além da vida na cidade grande. Outros se fecham em suas conchas e se recusam a aceitar qualquer coisa que seja diferente do jeito como foram criados e têm vivido.
Isso sem falar também nos que apenas fazem disso uma plataforma política ou uma forma de enfrentamento ideológico.
Acredito que a visão mais sincera do problema é a que tenta encontrar soluções práticas, simples e inteligentes para ser amigo da Terra (que nos dá a existência), sendo também amigo da terra (que nos dá o alimento).
Ser amigo da terra pantaneira e, ao mesmo tempo, ser amigo da Terra!
Trabalhar em conjunto todos estes tipos de problemas, de cabeça aberta, sem ego, buscando uma solução duradoura, e não apenas o benefício individual imediato.
O primeiro passo é começar a reconhecer os problemas ambientais, para então sentar à mesa dos problemas sociais, culturais e econômicos, com o espírito desarmado.
Aceitar que os problemas ambientais são tão importantes quanto os outros. E tentar encontrar soluções práticas e sustentáveis para continuar a produzir o alimento necessário, conservando um ambiente saudável para a vida.
Este processo requer, sim, o conhecimento de alguns conceitos como ecossistema, desenvolvimento sustentável, biodiversidade, etc. Pode, inclusive, requerer, em algum momento, uma abordagem sobre leis, economia, justiça social, tecnologia etc.
No entanto, o mais importante será sempre o propósito de sermos verdadeiros amigos da Terra e da terra.
Tentar adaptar nossa vida e nossas necessidades a uma realidade o mais ecologicamente correta possível. Fazer com que o que temos hoje possa continuar a existir para nossos filhos, netos e bisnetos.
Conservar e, se possível, melhorar o meio ambiente, buscar e aplicar novas formas de manejo sustentável, de geração local de energia limpa, de produção de alimentos saudáveis.
No Brasil, os movimentos ambientais estão mais profundamente ligados à política do que na ciência. E, muitas das vezes, mais preocupados em fazer ataques velados à globalização e ao modelo econômico, do que com preocupações ambientais legítimas.
Isso sem falar também nos pseudo-especializados em suas ecorregiões, microclimas, microbacias etc., os quais, a partir de suas próprias convicções empíricas, idealizam soluções locais, como se estas regiões não fizessem parte de um sistema muito maior e muito mais complexo. Como se o Nosso Pantanal não fosse, em verdade, uma área de transição entre biomas (Cerrado, Mata Atlântica, Floresta Amazônia e Chaco).
O desenvolvimento tem, é claro, que ser sustentável e se preocupar com o equilíbrio ambiental; e o manejo das terras para agropecuária, sem dúvida, tem de ser adequado.
Porém, contudo, todavia, entretanto...
Estou convencida de que ser amigo do Pantanal – sendo amigo da Terra e da terra -, é muito mais estar preocupado em orientar os pantaneiros (proprietários e trabalhadores rurais) sobre a necessidade de proteção de suas nascentes e olhos d’água; do que em protestar contra a construção de pousadas turísticas dentro do nosso lindo mosaico de ecossistemas, Nosso Pantanal!
É estar muito mais preocupado em orientar os produtores e trabalhadores das áreas de planalto sobre a necessidade evitar o assoreamento e o barramento dos rios que vêm do cerrado para a planície pantaneira; do que em criticar a construção de rodovias e obras de infraestrutura necessárias aqui na maior área úmida brasileira, Nosso Pantanal!
(*) Gaúcha de nascimento, Pantaneira de coração