*Ruben Figueiró
Sinceramente eu desconfio, até prova robusta em contrário, da real intenção do ex-presidente Lula quando lançou Dilma Rousseff à reeleição. Será que ele a deseja no posto ou com o gesto, tido como solidário, quer queimá-la no tempo para ser ele o candidato? Daà é que a questão pegou fogo e o tema das eleições de 2014 começou a contaminar as atitudes da classe polÃtica. Tenho percebido isso no Senado. Em temas fundamentais como a partilha do Royalties, o FPE e o ICMS, sinto, nas entrelinhas, o caráter eleitoreiro dos debates e até das decisões.
Enxergo esse processo com grande preocupação, pois a lógica dos interesses meramente eleitorais passa a prevalecer sobre as verdadeiras prioridades nacionais.
Vemos a adoção de medidas populistas, de impacto imediato, que poderão prejudicar a economia assim que passar o perÃodo eleitoral. Criam uma sensação momentânea de bem-estar social, mas podem se reverter em contração de investimentos, aumento da dÃvida pública, elevação dos Ãndices inflacionários, distorções cambiais, desequilibrando os fundamentos de uma economia sadia e sustentável.
Fico me perguntando: se o quadro se mostra tão favorável para o governo ? que, conforme pesquisas, tem alta popularidade ? qual a razão para antecipar tanto o calendário das eleições? Qual é o temor?
Em Mato Grosso do Sul, pude observar a expectativa em relação ao governador de Pernambuco, Eduardo Campos. Não sei se por se tratar de uma novidade polÃtica no cenário nacional; se por causa da exposição dele na grande impressa como pretenso candidato; ou se porque ele constitui um fenômeno originário da fadiga de materiais, decorrente dos anos de governo lulo-petista. Mas posso constatar: o nome de Eduardo Campos está começando a tomar conta do corpo polÃtico da Nação num processo como diria o homem do campo, de ?infestação do carrapatinho?.
A antecipação da campanha eleitoral também se reflete localmente. Já observei em MS intensa especulação em torno da sucessão no Executivo estadual, sobretudo após a recente visita de quatro ministros só pensando naquilo: a reeleição de Dilma.
Mas, ao analisar o resultado das últimas eleições, posso inferir que a sociedade deseja mudança, revisando o papel dos partidos que há várias décadas ocupam o centro do poder.
O resultado eleitoral de Campo Grande em 2012 foi emblemático. Valeram pouco na decisão dos eleitores o desempenho administrativo fabricado com peso da propaganda, a estrutura financeira abusiva e o tempo de televisão desigual.
O fato é que não há vencedores nem vencidos de véspera. Hoje, a gestão petista erra ao substituir compromissos com o PaÃs pelo compromisso com a manutenção do poder. Como diria o velho gaucho, ?estão querendo atropelar o cavalo no partidor?. Às oposições cabe manter o sentido de alerta sobre as distorções que possam ocorrer daqui pra frente.
*Ruben Figueiró é senador da República pelo PSDB-MS