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Lidio de Souza Neto

Os herdeiros da pesca

Estamos em plena piracema. Piracema é a subidas dos peixes em cardumes para as áreas de cabeceiras dos rios onde ocorre a desova. Geralmente ocorre do início de novembro ao final de fevereiro, com extensão até março em locais considerados como áreas de reservas de recurso pesqueiros. 
 
Os pescadores profissionais filiados nas Colônias de pesca do estado são sempre relegados pela falta de apoio dos políticos em geral. Esses político não têm o mínimo de preocupação em planejar políticas emergenciais em prol a esta classe de profissionais que exerce um papel importante na economia local. 
 
Os pescadores profissionais só são lembrados em anos de eleições. Passado este período ficam a mercê da sorte. Esta situação se tornou uma rotina na vida desses valorosos profissionais, por ocasião do período da piracema. 
 
Estão redondamente enganados aqueles que querem atribuir esta situação a legislação mais rígida, ou à fiscalização rigorosa dos órgãos competentes, que fazem valer as leis da pesca. 
 
O peixe está cada vez mais escasso, e isso exige muito mais empenho e gasto dos pescadores. Muitos não conseguem nem ?empatar? e, assim os gastos feitos durante a temporada acabam comprometendo-os cada vez mais com os seus credores. Que não são políticos e não têm nada a ver com isso.
 
Para agravar ainda mais a situação, nos últimos dez anos, os pescadores profissionais vêm sofrendo pressão de empresários e políticos. Eles querem o fechamento definitivo da pesca profissional no Estado de Mato Grosso do Sul. A grande maioria é dono de pesqueiros particulares e empreendimentos comerciais ao longo dos rios Aquidauana, Miranda, Coxim e Paraguai.
 
Por outro lado, enganam-se aqueles que querem responsabilizar o pescador profissional pela escassez do peixe, ou pela depredação e poluição dos rios. Os pescadores profissionais não têm pesqueiro particular, não têm hotel fazenda com área de lazer e piscinas construídas em áreas de preservação permanente e nem têm suinocultura ou usina sulco-alcooleira nas nascentes desses principais rios do estado. 
 
Só para se ter uma ideia, a poluição dos rios Aquidauana e Miranda começa nos municípios de São Gabriel do Oeste e Maracaju, respectivamente. Um pela suinocultura e o outro pelas usinas sulco-alcooleira. Esses empreendimentos foram construídos nas nascentes desses rios.
 
Em Aquidauana, Anastácio e Miranda, a maioria destes pescadores nasceu e cresceu à beira dos rios e aprendeu com os pais a profissão. Hoje, por forças das adversidades do dia a dia, além da falta de oportunidades e de uma política eficaz acerca do assunto, não sabem quase nada além de praticar a pesca para garantir a sobrevivência de sua família.
 
Lembra um pescador do distrito de camisão que, ?antigamente durante uma semana dentro d?água era suficiente para capturar pelo menos 260 quilos de pescado, hoje não passa de 40 kg?, afirma o profissional.
 
Para piorar a situação dos pescadores, ainda existe a figura do ?atravessador?. É este personagem que está imune às adversidades do tempo, à fiscalização, aos impostos e é quem mais lucra. Ele paga o custo do óleo diesel, o mantimento e geralmente detém o monopólio das embarcações (chalanas e barcos), nos rios do estado. 
 
O ?atravessador?, também, dita a ?tabela? de preço do peixe à beira do rio, que oscila entre 6,00 no máximo 8,50 Reais o quilo do pacu, pintado, cachara, dourado, que posteriormente, é vendido no mercado e em peixarias, a partir de 15,00 até 30,00 Reais o quilo.
 
 
SGT LÍDIO DE SOUZA NETO - ESPAÇO VERDE

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