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Gabriel Novis Neves

Procissão do Fogaréu

27/02/2010

Na cidade de Goiás Velho existe uma das manifestações religiosas mais belas e tradicionais do Brasil: a Procissão do Fogaréu - que começa às 00h00min da noite de quarta-feira da Semana Santa. Essa Procissão foi introduzida no centro-oeste pelos espanhóis em meados do século XVIII e encena a prisão de Jesus. Quando o Estado de Goiás cedeu ao Governo Federal uma área do seu território para a construção de Brasília, jamais imaginaria que, cinqüenta anos após, mesmo antes da Semana Santa, a nova capital do Brasil, também teria o seu fogaréu, só que político.

Os dicionários nos dizem que fogaréu é excesso de fogo em uma chama, ou uma grande fogueira ou ainda um fogo alto. Os cientistas dizem que o fogaréu é uma das conseqüências do aquecimento global; as ONGs, que é a ganância dos homens que, em nome dos negócios agro-pecuários, destroem o meio ambiente queimando os campos; a população diz que fogaréu é a queimada na Floresta Amazônica. Qualquer que seja a versão eu tremo e me apavoro com o calor do lume.

Brasília está queimando! O calor do fogo se espalha por todo o Brasil, e o povo, mais uma vez, sofrendo o suplício da fogueira. E tem gente por todo o Brasil, pregando o continuísmo como virtude, quando a verdade é exatamente o contrário! Mas o fogaréu que destrói Brasília e contamina todo o país, não é uma manifestação da Quaresma. O fogo que está destruindo as mais remotas esperanças do povo foi aceso pelo mau caratismo e pelo descompromisso ético e moral de alguns dos nossos políticos. É o fogaréu do desrespeito ao cidadão - cuja origem foi na “base de sustentação” do governo. Essa “Instituição” existe nos Governos Federal, Estadual e Municipal. A capital do Brasil cheira coisa queimada pelo fogaréu das negociatas, vaidades, interesses pessoais e ganância. É uma cidade que transforma bandidos em “pessoas especiais”. Os inocentes como motoristas, jardineiros e pequenos servidores públicos são sacrificados para salvar a honra dos graúdos - aqueles que não são “qualquer um”.

O mais desalentador é que, por mais que os combatentes do fogo estejam em alerta máximo, não serão suficientes para deter o fogaréu que se alastrará até aos próximos meses – leia-se período eleitoral. Conseguiremos sobreviver ao fogaréu da imoralidade? No caso do Brasil, não precisamos de ajuda externa. É só sabermos clicar o número certo na urna eletrônica - com aquele entusiasmo queimando no peito.

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