Gigantes da Natureza Ameaçados

14/12/2011 23:00:00


A maior floresta tropical do mundo, a Amazônia e a maior planície alagável do mundo, o Pantanal. Dois gigantes ameaçados por conta da ambição humana. A Floresta Amazônica abrange parte de Mato Grosso, e, o Pantanal, cobre parte de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul no coração do Brasil, são responsáveis pela vida no Planeta. Na floresta amazônica esta 15% de plantas e animais conhecidos no mundo, um laboratório genético para os cientistas e pesquisadores. Na área de transição como o Serrado na região de Nova Xavantina em Mato Grosso, pesquisadores da região, tentam desvendarem os mistérios de um universo pouco explorado. Em uma área de apenas um hequitare, os pesquisadores já catalogaram 62 novas espécies de árvores e cipós, que são monitorados e num intervalo de 3 a 5 anos os pesquisadores voltam  e fazem todas as medições. E assim se conhece a dinâmica da floresta e ficam sabendo exatamente quais as espécies que estão morrendo e com que freqüência, e as espécies que estão se regenerando dentro da floresta. E não é só por isso, estudar e preservar a flora é importante porque as árvores contribuem para a limpeza da terra. O gás carbônico emitido, principalmente pelas indústrias e veículos aumenta o efeito estufa acelerando o aquecimento da terra. Já por outro lado, outros organismos que fazem a fotossíntese, capturam o carbônico do ar e lançam na atmosfera e em troca recebe o oxigênio. 
 
Esses biomas são extremamente sensíveis as mudanças climáticas. Em anos de seca prolongada, provoca a morte de grande quantidade de árvores naturalmente, a chamada ?seleção natural?.  É claro que uma árvore nasce, cresce vai morrer e se decompor. Agora se essas mortes não forem naturais, e sim provocadas pelo homem, como conseqüência vai haver prejuízo para a garantia de suas respectivas espécies, podendo algumas essências florestais entrar em processo de extinção. 
 
Por outro lado a devastação do meio ambiente causou grande efeito negativo ao Pantanal. Se tornando uma preocupação a mais nessa região, onde a biodiversidade é riquíssima. São mais de 660 espécies de aves 95 de mamíferos, mais de 265 de peixes, mais de 160 de répteis. Um refúgio natural que pede socorro e precisa ser olhado com bons olhos. O avanço das carvoarias é outra grande ameaça, que apesar da fiscalização já deixou uma devastação preocupante na planície pantaneira. Um relatório feito pela WWF apontou que a área mais vulnerável é a bacia do Alto Paraguai. 
 
Outro fator importante e determinante na região pantaneira é o ciclo das águas, inundações e secas que regula a vida e a perpetuação do ecossistema pantaneiro. Quando esse equilíbrio se rompe vem o desastre ecológico, a exemplo do Rio Taquari que devido o desmatamento para formar lavouras e pastagens no Planalto, o seu leito foi aterrado por toneladas de areia, terra e outros sedimentos.  Como conseqüência as águas se espalharam alagando definitivamente uma área com mais de 11 mil quilômetros quadrados. Fazendas dentro da água, campos que não secam mais, essa é a paisagem dominante na região. 
 
Para que possamos entender porque o Rio Taquari ficou assim, temos que sair do Pantanal.  O que muita gente não sabe, é que, muitos rios pantaneiros nascem em áreas do Serrado no Planalto, por isso os mesmos dependem daquele bioma para garantir a sua dinâmica em toda sua plenitude. Há décadas a agricultura e a pecuária ocuparam o lugar da vegetação nativa, impedindo a regeneração das mesmas nas cabeceiras da maioria desses rios que formão a Bacia do Alto Paraguai. No mapa da devastação, uma área do tamanho do Distrito Federal e da cidade de São Paulo é destruída por ano. São mais de 2.000 quilômetros quadrados de destruição anual. Vamos pegar como exemplo a região do Município de Alcinópolis, Mato Grosso do Sul, na divisa com Goiás, o Pantanal está longe, mais os rios que nascem nessa região formam a bacia pantaneira. A devastação espalha pela planície onde é possível perceber a erosão pela supressão da vegetação onde a terra é facilmente carregada para o leito dos rios, chegando ao Pantanal, mais cedo ou mais tarde. Muitos querem atribuir a devastação do Pantanal aos pantaneiros. Ledo engano. As degradações a esse bioma começam lá no Planalto, bem longe do Pantanal. 
 
Com a devastação da cobertura vegetal e morte de árvores, uma maior quantidade de luz chega ao solo, com mais folhas e galhos secos espalhados nesse ambiente, surge outro problema, o fogo, inimigo da natureza. O fogo muda de forma drástica as características de uma floresta, empobrece o solo, altera a reposição das espécies e ainda deixam mais vulneráveis as nascentes de rios e outros mananciais. Sem fogo e seca prolongada podemos ter efeito contrário e benéfico para o meio ambiente. Na década de 70, pesquisadores mostraram espécies da flora e da fauna em uma área de transição entre o cerrado e a Floresta Amazônica. Trinta anos depois pesquisadores do Estado de Mato Grosso fizeram um novo estudo nessa mesma área, o resultado foi surpreendente. Neste período a floresta Amazônica avançou vários quilômetros sobre o serrado beneficiando, também, parte dos rios que nascem nesse local e compõem parte da rede capilar de rios do Pantanal é a maior do mundo. Só de rios navegáveis são mais de 5000 quilômetros.

Rhobson ADM - Lidio de Souza Neto