EU PROMETO...

04/10/2018 14:09:00


Há uma semana das Eleições 2018, desde a redemocratização, e porque não dizer, desde o início da República, teremos o processo mais bizarro da história, isto falando em termos do pleito para Presidente, onde a mudança dos rumos é o que mais se discute, onde uma polarização mais acirrada se concentra. Surge aí também a maior incoerência que o eleitorado demonstra, pois, desde o início da operação Lava Jato, o que mais se evidenciou é intolerância popular com a corrupção. Entre os principais candidatos temos casos de denúncias de envolvimento em ilícitos administrativos. Não querendo uma condenação prévia, mas, pelo simples fato de haver indícios, também existe uma suspeita, ou seja, numa sociedade que clama pelo fim da corrupção e pela decência na gestão pública, esse fato já seria absurdo. Se olharmos em termos de candidatos a vice-presidente, a situação se repete. É como se os vices não tivessem importância alguma. É só lembrar que desde 1985, tivemos três vices que terminaram o mandato para que foram eleitos, direta ou indiretamente, e no caso de Sarney, cumpriu o mandato inteiro, com direito a tempo de prorrogação.

Mas o objetivo deste artigo não é bem esse, deixemos isso para outro. Vamos aos programas dos candidatos. Existe uma diferença brutal entre o que se propõe no programa, o que se fala nos programas eleitoral, nos debates, nas campanhas de ruas e o que realmente pode ser feito após o dia 01º de janeiro de 2019. Analisando todos os programas, resolvi me concentrar apenas nos dos principais candidatos, pois teria que escrever algo mais longo, e, na prática atual dos nossos leitores, algo impensável, até mesmo porque temos casos que dispensam qualquer comentário, como é o caso da candidata Vera, do PSTU, que está amplamente elaborado em cinco folhas e trás como tema “16 pontos de um programa socialista para o Brasil contra a crise Capitalista”, sendo que os países que ainda se dizem socialistas, a situação das populações não é, de longe, melhor que dos capitalistas.

Vou fazer uma provocação, apresentar algumas propostas dos programas e identificar seus autores no final do texto, tipo aquelas pesquisas que vem em revista para saber qual seu par ideal. Como as preocupações que são mais destacadas pelo eleitorado, segundo pesquisas (sim, elas na berlinda novamente) são segurança pública, educação e saúde. Vamos lá, sobre segurança pública: Se pretende votar num candidato que quer melhorar as condições de trabalho dos policiais, melhorar a inteligência (seja lá o que querem dizer, quando falam isso), combater o tráfico de drogas e armas, cuidar das fronteiras, e lutar contra o crime organizado, terá um grande problema, pois dos oito principais candidatos, todos apresentam estas mesmas propostas, mas um, em especial, destacou sobre submarino de propulsão nuclear, e retomar os investimentos e valorização das Forças Armadas, recompondo os efetivos e melhorando as condições de trabalho, quem é ele(1)?

Em relação à Educação, o Ensino Básico de “qualidade” (seja lá o que querem dizer, quando falam isso) é outra parte do discurso dos candidatos que parecem idênticos, assim como a escola integral e cursos técnicos, que resolverão todos os nossos problemas, e nos alçarão às melhores colocações nas avaliações internacionais como o Programa Internacional de Avaliação de Estudantes – PISA, onde não ficamos nas últimas posições por existirem países como Perú, Kosovo, Argélia e República Dominicana. O que mais preocupa nas propostas é que falam em maiores investimentos em Educação, mas o Brasil gasta mais que países como Argentina e Chile, em termos percentuais do PIB, e está muito abaixo de suas colocações na mesma avaliação, ou seja, não é que gastamos pouco, gastamos MAL. Experiências que fazem com nossos jovens, entrando e saindo governo, sem uma continuidade, cada um querendo deixar suas “marcas”, só tem piorado a nossa situação.

Quando falam de escola integral, me desculpem, mas chego a rir, pois fora pequenas ilhas com resultados um pouco melhores do que a média, no geral a situação de nossas escolas é péssima. Péssima em estruturas físicas, péssimas em recursos didáticos, péssimas em currículo, e, o pior, péssima na qualidade pedagógica. E não culpo os professores por este último quesito, mas as gestões públicas, que não oferecem condições para que eles possam se desenvolver, não existem estímulos, não existem programas de qualificação. Sem bons professores, sem bons alunos, e a roda vai rodando, e agora, na hora das eleições, eles resolvem tudo, Aí pergunto: Como vão gastar? Onde vão gastar? Quais os programas a serem desenvolvidos? Tudo genérico, todos com as soluções parecidas, mas quando se tem recursos como o da Alimentação Escolar (merenda) congelados a mais de 08 anos (isto mesmo, 08 anos), com recursos per capita de R$ 0,30 por dia (podem ter certeza que não me enganei, o valor que o Governo Federal repassa para estados e municípios, por criança, na educação básica urbana, em escolas de um turno único, é esse mesmo, trinta centavos, para que não tenham dúvida que errei na vírgula), onde um pão francês puro, custa em média R$ 0,37, no Mato Grosso do Sul. Então, como farão para pagar professores, construir mais salas de aula, estruturar as escolas para receberem este salvador “ensino integral”? Isso tudo genérico, podemos escolher a qualquer um dos oito, sem medo de errar. E nosso teste é para a proposta, que as universidades precisam gerar avanços técnicos para o Brasil, buscando formas de elevar a produtividade, a riqueza e o bem-estar da população (2).

A Saúde, ah, a saúde!!!! Irmã siamesa da Educação, tão debilitada, tão doente como os seus pacientes que lotam os corredores de hospitais, centros de saúde, e, lamentavelmente, os cemitérios. Sim, os cemitérios. Estão cheios de clientes da saúde pública. Morrem por falta de médicos, de medicamentos, de equipamentos, de tratamento, e o problema não é de hoje, mas só vem piorando a cada ano, e a cada eleição as soluções mágicas vão surgindo, as propostas são as melhores existentes, mas a cada ano, o que vemos, de maneira geral, é um caos. Novamente não gasta-se pouco, mas gasta-se mal. Hospitais novos fechados por falta de equipamentos, postos de saúde com equipamentos, mas sem médicos, unidades diversas de atendimento com equipamentos e médicos, mas sem medicação, e assim vamos indo, a população rumo a “morada eterna”. Mas as propostas são ótimas, isso temos que reconhecer, vejamos nosso quiz: Redução da fila atual para realização de exames e procedimentos especializados através da compra de procedimentos junto ao setor privado (3) é proposta de????

Pois é, meus amigos, o “eu prometo”, que quase nunca funcionou, se aprimorou, agora não prometem mais, ainda bem, agora o “vou fazer” ganhou a vez. Quem perdemos somos nós, que a cada eleição ficamos à mercê de pessoas que deveriam se dedicar, por vontade própria, e interesse coletivo, à melhoria de vida da população de nossa já sofrida população. O que infelizmente é realidade, é que se dedicam por vontade própria, mas não visando o interesse coletivo, mas, sim aos seus interesses e de seus grupos e nós ficamos reféns deste emaranhado de pessoas que, no mínimo, podemos chamar de hipócritas, para não dizer coisas piores, que chegando nos momentos próximos dos pleitos se preocupam menos em esclarecer os eleitores de como vão por em prática suas propostas, mas em atacar quem os ameaça na corrida eleitoral, sem esquecer que quem mais pode ameaçar é o povo, não os elegendo. 

Assim, só vou olhar propostas eleitorais registradas nos Tribunais Eleitorais e as propagandas políticas, a partir do momento que houver a necessidade de existir, não um projeto de governo, mas um contrato de governo, onde os candidatos estabelecessem ações com metas de realização e prazo para cumpri-las, caso contrário, poderiam ser “demitidos” por justa causa, sem a necessidade de um processo tão difícil de ser realizado. Aí teríamos a tão propalada democracia, onde o governo é do povo, para o povo e pelo povo. DEMOCRATIA QUÆ SERA TAMEN.

Nossas respostas: (1) Haddad, (2) Bolsonaro, (3) Ciro, só para ficar nos três mais bem colocados nas “pequisas”. 


dothCom Consultoria Digital - Chico Castro