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Raquel Anderson

Bom dia, agonia!

Bom dia, agonia!
Jazigo sem lápide!
Naufragados, sem cais
Dias mortais
Hospitais lotados iguais
Aos navios negreiros abarrotados, dores e odores a mais
Açoites na alma, na gente
Somos escravos, com os mesmos ais
Numa viagem de mar revolto
Na procura por um leito
A Terra e o  Mar sem ar feito ou  rarefeito
Atira-se no mar o negro morto
Nossos mortos na vala rasa, no fosso
E a carga de fumaça, negra, dos crematorios, sem velórios
Poluem a terra com os restos dos entes da gente, 
Navios negreiros encalhados em nós
Em leitos e cabines morremos
Sem o último grito,
Como foi dito pelo preto, que ainda se escuta...
No leito, há inútil luta
E mais do que um maremoto
O colapso funerário contaminará o solo
Porque somos podres!

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