Caracterizada pelo retroflexo, termo da fonética que designa o curvado para trás ou para a base (a ponta da língua sobe até tocar o céu da boca, em seu ponto mais alto) a vogal ciciante, seguida de S ou Z, quando colocada a vogal "i" cria-se, assim, o ditongo em algumas palavras, por exemplo: rapaiz, nóis, meis...
O precursor dos estudos sobre dialeto caipira foi o poeta, filólogo, ensaísta e folclorista, Amadeu Amaral, que fez o primeiro estudo científico sobre dialectologia regional no Brasil, no início do século passado.
Amadeu Ataliba Arruda Amaral Leite Penteado, deu inúmeras contribuições linguísticas para o país, para a língua portuguesa e sua literatura, do ponto de vista científico, surpreendendo a todos com sua erudição, num tempo que não havia, formalmente, estudos acadêmicos sobre tais estudos, contudo, é a sensibilidade e a autenticidade do "caipirês", do entendimento do valor da comunicação, da oralidade, dos trejeitos e características do povo do interior do Brasil, do respeito pelo simples, pelo empírico que despertou em Amadeu Amaral, desperta e despertará em quem é intelectualmente humilde, o reconhecimento do valor do dialeto caipira.
O dialeto caipira trás em sua essência a simplicidade, a maior belezura humana e, com a simplicidade, vem junto tudo o que há de mais profundo nas expressões, na elegância implícita na forma de mover-se na vida, com pureza, com inspiração estética para todo poeta e para todas as pessoas.
De nada adianta erudição se não enxergarmos as pessoas em suas essências, como elas verdadeiramente são e se expressam. Arrogância intelectual é vil e cafona.
Ouvir é saber compreender e respeitar toda e qualquer forma de expressão humana.
Há sabedorias e conhecimentos indizíveis nas falas simples, nas experiências e jeitos do povo saber, viver, falar, se expressar.
O(a) matuto(a), capiau, sertanejo(a), roceiro(a), caburé, guasca, mocoromgo(a), mateiro(a), bruaqueiro(a), jeca, jacu, é o melhor que há em nós.
Muitos de nós carregaremos, para sempre, as melhores lembranças da vida, vividas dendiumcórgo, na infância, com dedos de prosa que nos fizeram rir com "cosca" na alma que nos dá sardade mais comprida que vara de portera, num é?!