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Rosildo Barcellos

Histórias Pantaneiras

     Desde tirar o couro do boi, limpar, curtir, cortar em tiras, traçando-as para confeccionarem redes, rédeas,freios, maneadores, são rotinas comuns do pantaneiro.
Entretanto, mais do que estas atividades o prazer do Homem pantaneiro é fazer trovas, cantarolar para sua amada e contar causos para os amigos.Nesse diapasão conheci José Moreira Filho, homem de cultura e de saberes, pertencente a uma geração de pantaneiros,que conheceu como poucos a história de sua gente e os nossos lugares. Com ele conheci as histórias das misteriosas salinas de Rio Negro,
    Homem empreendedor e intimorato que criou o “Complexo Pioneiro”, na bicentenária Miranda, deitando raízes nestes cerrados,arraigando com todas as fibras do seu coração, tirando do solo, a força do entusiasmo e de toda a realidade de suas convicções. É o protagonista desta história.. Diria ainda que, neste cenário, de grandes  transformações, vive de maneira acolhedora, o homem que aprendeu a se orientar pelas cheias e secas do pantanal, como um cientista que observa sua criação ou um pai que orienta o sonho de um rebento. Viajando na comitiva com a tropa e aboiada para refugiar-se das cheias,  contando os contos misteriosos que sobrevivem de geração a geração,, usufruindo-se imensamente da flora que também lhe serve de farmácia natural assim vive, sob o manto sagrado do Criador.
    Um dia, ele aviador, foi contratado por um  rico fazendeiro que precisava de seus serviços. Assim que pousou ele deu uma pequena corridinha até esse senhor que o contratara de sorriso aberto e se colocando a disposição. Neste momento o eméri latifundiário, cadeirante, apenas apontou as mãos para suas pernas e disse: “- Vejo grande alegria em seu olhar, parece disposto para o trabalho, mas eu  quero lh confessar, que eu daria toda a minha fortuna por essa pequena corridinha que eu vi,
neste momento. Tenho muito mas ao mesmo tempo, não posso comprar de volta; os meus passos!”.
   Nesse instante, ele me contava, passou um filme em sua cabeça, lembrando de seus pais, seus filhos,e dos problemas que durante a viagem, estava pensando. E pensou,sem nada dizer: Verdade, sou rico! Aqui no pantanal, o analfabeto das letras, é um pedagogo pelas experiências da vida. São frases como essa  que nos fazem renascer das cinzas e se reconstituir para poder seguir em frente
    Essa história serve de reflexão. Percebemos que é fácil se queixar de como é o mundo e como nós gostaríamos que ele fosse, mas o que eu estou fazendo para contribuir ou para criar algo diferente, ou para manter nossa própria tranquilidade ou trajetória. Se acha que faz o suficiente ou pode se esforçar um pouco mais. Se é grato com as pessoas ou acha que o que o outro faz é mera obrigação. Se reconhece o esforço do outro.  talvez eu arrisque que não deve existir os bons ou maus Uma pessoa não pode dar o qu não tem. Parece redundante mas é verdadeiro. Pode até prometer mas de alguma forma não vai cumprir. A não ser que nós mesmos a ensinemos. Ao mesmo tempo me parece ser inevitável que sintamos a dor e que passemos pela angústia de situações difíceis.  Isso explica, a imperiosidade de manter ilusões diárias, e  aprender com os erros, Por isso a fé, o amor,  a gratidão e a perseverança; são quatro  atributos necessários, para que esperemos o sol de amanhã, e o vento no rosto com aroma de vida pantaneira.
    Que esse próximo natal repensem suas vidas, as pessoas queridas que se foram por covid, o distanciamento, aquele  telefonema que você não atende, ou que deixou pra fazer depois. Aquela foto carinhosa que ia mandar e esqueceu. Aquela pessoa que fez muito por você e hoje você   não o abraça, não o atende. Tenha cuidado em pensar no   agora e esquecer o ontem e o logo mais. Não estamos mais em condições de perdermos o verdadeiro amor, a verdadeira amizade, as orientações pertinentes, a vida em comunidade e em família. Exaltar a poesia, eternizar o carinho. É nesse ambiente relicário onde respiramos e nos inspiramos, com a oralidade da história, que o sabor das palavras arraigada no irrefutável do lirismo, mostra suas alquimias e policromias construtivas. Integrando ambiente singular, nos entregamos assim a inequívoca sabedoria de nossos pais  e renasço das chamas da poesia para escrever e eternizar a história

José Moreira e família

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