Uma das festeiras mais antigas de Corumbá, Maria Paula da Silva, de 85 anos, morreu na noite de segunda-feira (15), por volta das 23h20, vítima de complicações da covid-19. Nos últimos meses, ela sofreu AVC (Acidente Vascular Cerebral), estava acamada e cuidada pelos filhos. Mas, veio o diagnóstico de coronavírus e a devota de São João foi internada e não resistiu às complicações da doença.
Dona Maria Paula da Silva herdou a tradição de louvar São João da avó e da mãe. “Eu lembro que quando eu tinha cinco anos, minha avó já fazia a festa lá em Cáceres. Eu vim para cá com 12 anos e quando chegamos aqui, tinha umas três pessoas que faziam a festa de São João. Minha avó fazia a celebração, depois passou para minha mãe que faleceu e dei continuidade. Agora tenho sete filhos e eu não sei qual deles vai continuar, mas eu espero que continuem”, afirmou dona Maria Paula ao Diário Corumbaense quando já tinha mais de três décadas realizando a festa.
Todo ano, no dia 23 de junho, ela oferecia café da manhã para até cem pessoas que iam à sua casa. Durante todo o dia havia a preparação para o Banho de São João, à noite, na prainha do Porto Geral. Depois da descida do andor pela ladeira Cunha e Cruz, os convidados voltavam para a casa da dona Maria Paula para dançar e festejar. “Eu sou devota de São João que me fez muitos milagres e vou fazer a festa dele até eu falecer”, afirmava a festeira.
Em 2020, não houve a festança por causa da pandemia de covid-19. Agora, os filhos devem herdar a tradição da mãe, que por sua devoção também foi uma das homenageadas da 7ª edição do Festival América do Sul, em 2010.