Dunga esconde jogo, mas desenha seleção com astros

Se em seu discurso Dunga procura sempre despistar sobre o status dos grandes destaques de seu elenco, nas entrelinhas já fica claro que o técnico desenha a seleção brasileira para as eliminatórias com a presença deles e que seus papéis são fundamentais.

Para o treinador, é a combinação de Ronaldinho com Robinho e Kaká que vai propiciar o rendimento ofensivo para o time deslanchar. Por mais que a tese de que o grupo tem 22 titulares seja repetida, é na criação desse trio que se sustenta a confiança para superar os sistemas defensivos rivais.

Dunga quer ver os três jogadores em interação constante. Contra os Estados Unidos, no domingo, a equipe mostrou em determinados momentos na vitória por 4 a 2 o que a movimentação coordenada desses jogadores pode causar.

O primeiro gol saiu em jogada que envolveu os três. Robinho tabelou com Afonso no meio-campo, passou para Ronaldinho, que serviu a Kaká na finalização - o goleiro Tim Howard ainda defenderia, mas a bola bateria no zagueiro Oguchi Onyewu e voltaria para a rede.

"O mais positivo foi quando eles deram velocidade no jogo, e conseguimos atacar de frente para o gol. É dessa forma que se cria mais situações", afirmou o treinador. "O time vai melhorar de acordo com o quanto mais compacto a gente estiver, quanto mais opções a gente tiver quando estivermos com a bola. São coisas que têm de ser repetidas. Nunca vai ser perfeito, tem sempre de procurar as melhores situações."

Com Kaká muitas vezes sendo acionado como um segundo atacante, como tem jogado no Milan, mas vindo de trás para receber o lançamento, a troca mais constante fica por conta de Robinho e Ronaldinho. Quando um recua para buscar o jogo, o outro geralmente fica aberto à esquerda.

"Nós temos jogado com essa formação, dando liberdade. Claro que um ou outro tem uma função que a gente coloca. O Robinho é um jogador muito mais de movimentação, versátil. O Ronaldo a gente tenta aproveitar na bola longa, no drible ou no passe. A gente tenta posicionar cada um para tirar o seu melhor em determinado momento", disse Dunga.

Apesar do pouco tempo de treino e jogo ao lado dos dois companheiros durante o primeiro ano após a Copa da Alemanha, Robinho se mostra confiante na manutenção dessa equipe. "Acho que o time está pronto. Ao mesmo tempo, a seleção é complicada. Um jogador sai, entra outro, e o rendimento continua o mesmo. Mas estamos preparados."