Presidente e vice afastados do Corinthians discutem renúncia

Um dia após a comissão processante formada por conselheiros do Corinthians definir que Alberto Dualib e Nesi Curi devem ser submetidos a votação de impeachment, o presidente e o vice afastados do clube alvinegro vão se reunir nesta quarta-feira para discutir a possibilidade de renunciarem aos cargos.

O encontro, proposto por Dualib, ocorrerá na tarde de quarta. Segundo a reportagem apurou, a dupla deve optar por deixar seus postos definitivamente.

Os dois ainda não decidiram a forma como vão anunciar a renúncia, mas uma das possibilidades é entregar cartas ao presidente do Conselho, Carlos Senger, antes da reunião do órgão, que ainda não foi marcada.

A saída deles poderia evitar que os cartolas coloquem em risco a condição de conselheiros vitalícios e até mesmo de associados. Se sofrerem o impeachment, o Conselho pode iniciar processo para cassar seus títulos de associados, conforme o estatuto do clube.

Dualib e Curi têm consultado advogados sobre as conseqüências de renúncia e já haviam discutido o tema outras duas vezes. Chegaram até a perguntar se o fato de deixarem seus cargos poderia favorecê-los na defesa do processo na Justiça Federal em que são réus por lavagem de dinheiro e formação de quadrilha.

Segundo o advogado dos cartolas nesse caso, José Luiz Toloza Costa, não haveria qualquer benefício para os dois.

Na verdade, a divulgação das interceptações telefônicas da Operação Perestroika, da PF, que culminou no processo criminal, até acelerou os trabalhos para o pedido de impeachment de Dualib e Curi.

Os motivos para pedir a destituição dos dirigentes são: má gestão, suspeita de enriquecimento ilícito, processo na Justiça Federal, sonegação fiscal, liberação de atletas sem contrapartida para o clube e fraude na demissão de funcionários.

As denúncias constam de relatório da comissão que foi entregue aos dirigentes. Os membros do grupo consideraram os argumentos de defesa frágeis demais para sustentá-los em seus cargos. O presidente e o vice afastados se apoiaram basicamente em um único argumento, o de que o clube não pode julgá-los e condená-los antes de qualquer esfera judicial.

Em caso de renúncia de Dualib, a administração interina de Clodomil Orsi também é obrigada a deixar seus postos.

Isso significa que Orsi e Wilson Bento, outro vice eleito, sairiam. Segundo o artigo 95 do estatuto corintiano, se o cargo de presidente ficar vago faltando mais de seis meses para o término do mandato (se encerra em janeiro de 2009) novas eleições devem ser convocadas.

Orsi já disse que, se Dualib sair, ele deixará também o posto de presidente em exercício.

Durante a transição, o cargo seria ocupado pelo presidente do Conselho. Membros da atual oposição, porém, acreditam que Orsi pode concorrer à presidência do clube ao menos para terminar o mandato de Dualib. Aliados dele, no entanto, descartam a possibilidade.

Por enquanto, apenas Paulo Garcia oficializou sua candidatura, apoiada por grupo ligado à atual presidência.

Outro candidato deve ser Andrés Sanches, do grupo Renovação e Transparência.