O mercado de câmbio brasileiro acompanhou a valorização global do dólar hoje, afetado também pelo aumento de aversão a risco que motivou investidores a buscarem ativos considerados mais seguros. A forte realização de lucros na Bolsa de Valores de São Paulo reforçou a alta nas cotações, com investidores estrangeiros embolsando principalmente os ganhos com ações da Petrobras. A cautela com a semana recheada de indicadores importantes nos Estados Unidos foi mais um componente para o avanço no preço da moeda norte-americana.
No pregão da Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F), o dólar à vista fechou em alta de 1,86%, cotado a R$ 1,777. Ao longo do dia, oscilou da mÃnima de R$ 1,758 à máxima de R$ 1,78. O volume financeiro somou US$ 587,5 milhões. No mercado interbancário de câmbio, o dólar comercial subiu 1,78%, encerrando as negociações a R$ 1,777.
A alta das Bolsas em Nova York não impediu um clima de aversão a risco no ambiente financeiro internacional, que se refletiu no desmonte de operações de carregamento - especulação com moedas de paÃses onde os juros são mais baixos. Ãs 16h38, por exemplo, o euro cedia a US$ 1,4545. Também perdiam valor diante da moeda norte-americana divisas de paÃses emergentes, como o peso mexicano, o rublo (Rússia) e a lira turca.
A preocupação com risco decorre dos desdobramentos da crise das hipotecas de alto risco (subprime) nos EUA. A cada dia surgem novos rumores sobre perdas de instituições financeiras fortemente atuantes nesse segmento. Hoje, foi a vez do HSBC que, segundo a imprensa britânica, deve anunciar prejuÃzo adicional de cerca de US$ 1 bilhão com créditos imobiliários podres.
No ambiente doméstico, repercutiram rumores de que o Ministério da Fazenda poderia vir a tomar medidas para conter a queda do dólar. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, contudo, afirmou que não há nenhuma mudança cambial em estudo para ser adotada no momento, mas não descartou a possibilidade de vir a adotar alguma medida caso haja uma valorização mais acentuada do real. "Existe um monitoramento permanente da polÃtica, da situação do PaÃs, da condição das moedas, mas eu não tenho nada preparado que vá ser feito no momento", afirmou Mantega durante a tarde.
O Banco Central realizou leilão de compra de dólares no mercado à vista, no qual adquiriu a divisa norte-americana à taxa de R$ 1,7689. Dos bancos que participaram da operação somente sete divulgaram suas propostas, que variaram de R$ 1,7682 a R$ 1,770. Do total de propostas divulgadas, o BC aceitou duas, segundo operadores.