Em processo de estudo para reconhecimento pelo Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama) como Reserva Particular de Patrimônio Natural (RPPN), os 20 mil hectares adquiridos em 2006 pelo empresário Eike Batista, dono da mineradora MMX, integram a área com o maior nível de qualidade biológica do Pantanal. Esta subregião é o Paiaguás, em Corumbá.
A atualização das áreas prioritárias para conservação dentro dos principais biomas brasileiros - Pantanal, Amazônia, Caatinga, Cerrado e Mata Atlântica -, divulgada pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA), apontou o território da reserva natural batizada de Engenheiro Eliezer Batista como "de importância extremamente alta".
O fato conduz a área a um status reconhecido, que também premia a iniciativa da mineradora e sustenta a necessária contrapartida às exigências ambientais para implantação de sua siderúrgica em Corumbá, cujo primeiro forno será ativado em agosto.
Em outras palavras, esta classificação significa que parte do Pantanal ao norte de Corumbá, que se interliga a porção da planície em Mato Grosso e na Bolívia, expressa inestimável valor do ponto de vista científico e ambiental. E deve ser prioridade na orientação de políticas públicas e, inclusive, na definição de áreas para criação de novas unidades de conservação.
Os dados do MMA reforçam o diagnóstico preliminar do meio físico, biótico e abiótico, realizado nas terras adquiridas pela MMX, em novembro de 2006 e maio de 2007 (seca e cheia, respectivamente), para subsidiar o processo de criação e planejamento da RPPN. O estudo coordenado pela ONG Instituto Homem Pantaneiro (IHP) concluiu que a área é referência pela biodiversidade entre pantanais e morraria, com diferentes ambientes e ecossistemas.
"Estas características apontam que a RPPN será representativa e que a área contempla a finalidade da MMX de garantir a conservação de um pedaço do pulmão do Pantanal, cumprindo, assim, seu compromisso com o meio ambiente, com Corumbá e o planeta", disse Leonardo Hasenclever, do IHP.
Conservar e proteger
Técnico responsável pela coordenação das duas expedições científicas realizadas na reserva, situada na margem direita do Rio Paraguai, Hasenclever observa que a identificação de uma faixa do Paiaguás que forma um polígono como de extrema importância significa esforços concentrados à conservação e de proteção e combate a incêndios, pesca predatória, tráfico de animais, desmatamento.
"O próprio poder público - explica - dirigirá estes esforços na região quase que condicionalmente. O Brasil é signatário da Convenção sobre a Diversidade Biológica (CDB), assinada em 1992, que objetiva o reconcílio entre o desenvolvimento das sociedades com a conservação de patrimônios naturais, como o Pantanal, considerando o uso sustentável e a partição justa dos benefícios".
A atitude da MMX em criar a RPPN demonstra maturidade e seriedade com o desenvolvimento sustentável das regiões onde atua, acrescenta Leonardo Hanseclever. A escolha desse pedaço de paraíso ecológico para compor um mosaico de unidades de conservação, que inclui o Parque Nacional do Pantanal, foi indicação técnica do IHP, que se fortalece como organização não-governamental local.
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