Aos 70 anos, o aposentado Lucídio Sauer trocou a profissão de representante comercial pela de "votorista", como brinca, ao explicar que um de seus principais afazeres hoje é levar os netos para as atividades que eles desenvolvem, como a capoeira. Mas seu Lucídio também aproveita os intervalos dos compromissos com os filhos de seus filhos para exercitar-se, na praça Belmar Figalgo que, em Campo Grande, recebe uma alta concentração de idosos que, cada vez mais, vivem mais. A constatação está em mais uma Síntese dos Indicadores Sociais divulgada hoje pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Segundo o estudo, feito ano a ano, Mato Grosso do Sul avançou uma posição no ranking nacional da esperança de vida e hoje tem a 6ª maior no País, de 73,5 anos.
Em dez anos, o avanço foi de 3 anos em ganho de vida, considerando que em 1996, um cidadão sul-mato-grossense tinha, ao nascer, esperança de vida de 70,5 anos. Na divisão por sexo, longevidade maior para as mulheres, representadas por pessoas como Elódia Schelieper, 85 anos, ainda trabalhando como costureira, orgulhosa de ter ajudado a criar "nove filhos alheios" e um próprio. De acordo com o IBGE, as mulheres vivem, em média, 76,9 anos no Estado, enquanto eles têm existência média de 70,2 anos.
Em relação ao parâmetro nacional, a população de Mato Grosso do Sul também está à frente: no País, a esperança de vida é de 76,2 anos, sendo 76,2 para mulheres e 68,7 para homens. Os dados levantados indicam que havia, quando a pesquisa foi realizada, 90 mil pessoas acima dos 70 anos no Estado.
Brancos vivem mais - Entre as pessoas acima de 60 anos, aparecem como maioria os de cor branca, com 111 mil representantes, contra 83 mil de cor preta ou parda (termos usados pelo IBGE). Na leitura do instituto, essa constatação, na contramão de uma impressão geral de que negros duram mais, é reflexo das condições de vida mais precárias das populações pretas e pardas em comparação às populações brancas.
Na outra ponta da vida, o estudo do IBGE, revela mais um dado positivo. A mortalidade infantil está descrescendo ao longo dos anos. Em Mato Grosso do Sul, em 2006, o índice era de 18,5 a cada mil nascidos vivos, contra os 19,1 registrados na pesquisa anterior, de 2005. É o quinto menor índice do País.
Vida produtiva - A Síntese do Indicadores Socaisis do IBGE identifica que Mato Grosso do Sul está na média nacional quanto à chamada razão de dependência, conceito que expressa a relação entre as pessoas produtivas e as não produtivas da sociedade, considerando a relação entre número de crianças, jovens adultos e idosos.
No ano passado, a população inativa de Mato Grosso do Sul era de 756 mil pessoas, o que equivale a um índice de moradores considerados "dependentes" de 48,9%, o décimo no País. O maior percentual de população dependente, conforme os dados, estava no Estado do Acre que tem 67,6% de população inativa. São tidos como potencialmente inativos aqueles que estão entre 0 e 15 anos e acima dos 65 anos.
A cada pesquisa desse tipo divulgada pelo IBGE Mato Grosso do Sul costuma se destacar também em um item relacionado à vida adulta: o alto número de separações de casais. Não foi diferente nesta Síntese dos Indicadores Sociais, em que aparece como um dos estados com maior número se separações consensuais: com 83% dos casos, bem mais que a média nacional, de 76% dos casos.
"Forasteiros" - Casais que separam com freqüencia, habitantes que se aventuram também. O IBGE aponta que da população estimada em 2,3 milhões de habitantes, não chega a 69,8% o percentual daqueles que são nascidos em solo sul-mato-grossense. Tirando o fato de ainda ser um dos estados mais jovens do País, é o quarto maior percentual de "forasteiros" formando uma população estadual. O maior é em Rondônia, onde só 46% dos moradores são naturais do Estado.
A divisão entre moradores urbanos e rurais mostra que em Mato Grosso do Sul, só 352 mil estão no campo, apesar da economia predominantemte voltada à produção agrícola.
Precisa melhorar - Em geral, os dados sugerem aspectos positivos, mas há, como os brasileiros estão tão acostumados, os que lembram o quanto o País ainda precisa de investimentos para melhorar. Na educação, por exemplo, o indicador do IBGE aponta que só 44% dos adolescentes têm freqüência regular à escola, índice menor que a média nacional, de 47,1%.
O tempo médio passado na escola é de 6,8 anos, o que exclui boa parte da população até do nível médio de ensino.
Em termos de renda das famílias, mais um aspecto negativo. Em Mato Grosso do Sul, 77,5% das famílias têm renda per capita inferior a dois salários mínimos, ou seja, R$ 760. Só 22,5% das famílias estão num patamar acima disso.
Educação
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Esportes
O evento busca promover saúde, bem-estar e inclusão, integrando ações de ensino, pesquisa e extensão
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