Nos anos 80, a espécie foi ameaçada de extinção por pressão do contrabando de peles; hoje, são mais de três milhões de jacarés espalhados por alagados do Pantanal de Mato Grosso do Sul e Mato Grosso. Em setembro de 1986, período forte da ação dos "coureiros", a Embrapa iniciou uma pesquisa do Caiman yacare para estudar seu comportamento e contribuir para sua preservação.
Ao completar 21 anos, a pesquisa, que posteriormente incluiu o jacaré-paguá, outra espécie que habita o bioma em menor intensidade, conseguiu importantes avanços científicos. Uma descoberta inédita neste período foi o comportamento do jacaré-do-Pantanal de formar bandos e andar em fila indiana entre poças e lagoas, principalmente no período seco no Pantanal, de agosto a novembro.
Em setembro, entre os dias 19 a 19, a pesquisadora Zilca Campos e sua equipe capturaram 220 jacarés nas fazendas Alegria, Campo Dora e Dom Valdir, no Pantanal da Nhecolândia, em Corumbá, e destes, 11 animais já haviam sido marcados há 19 anos e 250 dias, fato relevante para o trabalho. "O valor científico desses resultados é grandioso e inédito para a espécie", disse a pesquisadora.
O Projeto Jacaré busca identificar os padrões de movimento, hábitos alimentares e reprodução das duas espécies em relação a mudanças climáticas a antrópicas. Recentemente a pesquisadora começou a estudar o jacaré-paguá (Paleosuchus palpebrosus) nos riachos e rios do entorno do Pantanal, espécie pouco conhecida para a ciência e que já sofre com as mudanças antrópicas na sua área de distribuição.
Andarilhos
Em duas décadas de estudos foram capturados e marcados cerca de seis mil jacarés, a maioria da espécie Caiman yacare, nas três fazendas onde ocorreu a última captura e também na Nhumirim, de propriedade da Embrapa Pantanal, cuja sede é Corumbá. Os animais são marcados com brincos de plástico na cauda (vermelhos ou azuis para os machos e amarelos ou verdes para as fêmeas).
Foram monitorados o crescimento, a movimentação e vários parâmetros populacionais desses animais. Segundo a pesquisadora, os jacarés são espécies de vida longa - vivem de 40 a 50 anos na natureza - e os estudos precisam de longo prazo para entender sua história de vida e seus requerimentos de habitats.
"Em anos muito secos eles podem morrer por predação, infestação de parasitas, etc", explicou Zilca. A pesquisadora também observou que os jacarés, tema de sua dissertação de mestrado e tese de dourado, andam bastante. "Um deles, com 10 anos, chegou a andar 20 quilômetros", afirmou. O monitoramento é feito em uma área de 50 km quadrados, cujo espaço de observação será ampliado.
Nova pesquisa
Zilca Campos e equipe iniciaram um novo trabalho, acompanhados pelo estudante de doutorado William Vasconcelos, do Inpa/Ufam (Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia e Universidade Federal do Amazonas). Eles vão fazer coletas nas bacias do Alto Paraguai e Amazônica, mais precisamente nos rios Paraguai, Guaporé e Madeira.
O objetivo é verificar se os jacarés da Amazônia e do Pantanal são unidades evolutivas diferentes ou uma variação apenas no fenótipo. Os pesquisadores vão para áreas onde as duas linhagens convivem para observar se há reprodução entre elas, se ocorre hibridagem e mistura de caracteres. Os resultados terão implicações diretas na conservação e na legislação envolvendo as espécies.
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