Trabalhador deixa o corte de cana-de-açúcar por falta de acordo e sindicato tenta intermediar uma negociação na usina Passatempo
Antonio Viegas, Dourados
Cerca de mil trabalhadores rurais que atuam no corte de cana para a Usina Passatempo, em Rio Brilhante, paralisaram suas atividades. A maioria deles veio de Minas Gerais, Pernambuco, Bahia e Alagoas há sete meses para esse trabalho e até agora não houve aumento nos valores pagos pela tonelada cortada do produto. O grupo que já estava parado desde terça-feira conseguiu apoio ontem dos colegas que residem na região, fazendo com que todo esse setor fosse paralisado.
A informação é do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Rio Brilhante, que ontem à tarde enviou um representante, junto com fiscais do Ministério do Trabalho, até a usina, para tentar intermediar uma negociação entre a empresa e os manifestantes. O presidente da entidade, Onorail Jeronymo Porto, disse que a intenção do grupo, principalmente daqueles braçais que moram fora, é de realmente deixar o trabalho e retornar para seus respectivos estados.
Segundo o sindicato, a média paga hoje é de R$ 0,32 por tonelada de cana cortada. Isso significa que, para chegar a um valor equivalente a R$ 32,00 por dia, o trabalhador terá que cortar pelo menos dez toneladas de cana. No caso dos que recebem diária, o que acontece quando o valor da cana está baixo, a empresa só paga R$ 14,33. Para aqueles que vieram de outros estados e têm uma série de despesas, mesmo utilizando o alojamento da indústria, esse pagamento é considerado irrisório.
Até o inÃcio da noite de ontem a comissão não havia conseguido fechar um acordo entre patrões e empregados e nem mesmo uma decisão da empresa sobre a situação daqueles que querem ir embora sem que seja aplicada a multa de quebra de contrato. O Correio do Estado entrou em contato com a indústria para saber a posição da direção, mas não houve retorno até o final da tarde.