A maior parte dos cidadãos encontrados em situação semelhante à escravidão trabalhava em áreas na fronteira agrÃcola do paÃs, apontam entidades que acompanham o combate ao problema no Brasil.
- A expansão do empreendimento agropecuário coincide com a libertação de trabalhadores - afirma a oficial de projetos da Organização Internacional do Trabalho (OIT), Andréa Bolzon.
Para ela, na fronteira agrÃcola aliam-se as grandes propriedades à s altas taxas de desemprego, favorecendo a contratação de trabalhadores em condições degradantes.
- O trabalho escravo contemporâneo é uma forma do capital reduzir custos em seu processo de expansão e modernização, garantindo competitividade a produtores rurais - avalia o cientista polÃtico Leonardo Sakamoto, da organização de direitos humanos Repórter Brasil. Para ele, o aumento da competição no campo, com o aumento das exportações, incentiva o trabalho escravo.
- Utilizam mão-de-obra em condições degradantes, de baixo custo, e invadem terras públicas, o que gera desmatamento, principalmente, na Amazônia.
A incidência de trabalho escravo na fronteira agrÃcola pode ser confirmada pelo cruzamento de dados, feito pela Agência Brasil, da "lista suja" do Ministério do Trabalho com o mapa do desmatamento da Amazônia do Ministério do Meio Ambiente e o crescimento da economia agrÃcola, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e EstatÃstica (IBGE).
Outro dado que comprova essa avaliação, segundo as entidades que acompanham o assunto, são as atividade econômica das empresas em que são encontrados trabalhadores em situação semelhante à escravidão. Mais de 60% das fazendas autuadas cria bovinos. Em seguida vem a produção de carvão vegetal, 12%. Duas atividades tÃpicas da fronteira agrÃcola brasileira.
A função desempenhada pelos trabalhadores também indica a sua utilização em atividades de expansão agrÃcola, segundo as entidades. Metade deles tinha como trabalho cuidar do pasto. A segunda atividade mais desempenhada é o desmatamento - cerca de 20% dos trabalhadores libertados. São atividades que, segundo a oficial da OIT, antecedem a implementação de pastos e áreas de cultivos.