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Várias dúvidas surgem sobre o que é permitido ou não na fase do aleitamento materno. Confira o que os especialistas dizem sobre o que interfere ou não no seu leite.


Muitas perguntas rondam a cabeça da mãe que acaba de ter um filho, mas uma em especial é bastante comum: "o que posso ou não fazer durante o período de amamentação?". O aleitamento materno é uma fase importantíssima na vida de um bebê e nenhuma mulher quer comprometer a saúde de seu filho por conta disso.


Antes de tudo, vamos entender o que acontece dentro do corpo. Depois que o bebê nasce, a placenta é expelida, aumentando o nível de prolactina, hormônio que dá sinal verde para a produção de leite em grande quantidade, em geral, cerca de 72 horas depois do parto. "Cada vez que a criança suga, estimula as terminações nervosas do mamilo, levando o corpo a produzir mais prolactina", explica a ginecologista e obstetra Lizandra Pattaro Marcondes, coordenadora da equipe de Ginecologia e Obstetrícia do Hospital e Maternidade São Camilo, em São Paulo. O hormônio atua depois da mamada e produz leite para a próxima.


Entra e sai


Mas o que o leite "passa" para o bebê, afinal? Uma alimentação saudável e equilibrada e, para isso, o consumo de bastante líquido é sufi- ciente para garantir a produção de leite pelo corpo. Lizandra Marcondes conta que existem alguns alimentos cujo sabor e aroma podem ser identificados no leite materno e, eventualmente, provocam cólicas no bebê. Em outros casos, o pequenino pode ainda rejeitar a refeição por não gostar do aroma, como o do alho. "Se o bebê chorar muito, a mãe pode observar qual alimento ingeriu antes da mamada. Couve-flor, couve, rabanete, repolho e espinafre, ricos em enxofre, causam gases e podem perturbar o processo de digestão da criança", lembra. Neste caso, vale dar um intervalo maior para incluí-los na dieta e reduzir a quantidade. A seguir, veja o que deve ser evitado ou o que é permitido no período de amamentação:


Tomar refrigerante


Essa bebida não é proibida, porém, o excesso dos derivados de cola e guaraná pode deixar o bebê muito agitado devido à cafeína e outras substâncias estimulantes presentes na composição. "Sabemos ainda que alguns refrigerantes possuem fosfato em excesso, o que reduz a absorção de cálcio dos alimentos e favorece o desenvolvimento de osteoporose na mãe, levando a uma calcificação inadequada dos ossos do bebê", alerta Sandra Avilla Gianelo. A substituição mais adequada, sem dúvida, são os sucos naturais, que contêm vitaminas, minerais, fibras e outros nutrientes importantes para a saúde da mãe e do bebê.


Comer feijão


Não é preciso evitar o alimento. "Mas observe o bebê e como ele se comporta quando você consome feijão", aconselha a ginecologista e obstetra Lizandra Pattaro Marcondes. O mesmo vale para outros alimentos como carne vermelha e frutas cítricas. Se houver qualquer alteração no comportamento dele, é melhor diminuir o consumo ou evitá-lo por alguns dias.


Ingerir adoçante


Apesar de não haver nenhum estudo que mostre efeitos negativos do adoçante na amamentação, a pediatra aconselha bom senso para evitar os excessos. Lembre-se de que o ato de amamentar já exige maior consumo de calorias e ajuda na perda de peso. Mas se sua preocupação em mudar o ponteiro da balança for excessiva, nada de restrições. Consulte uma nutricionista para ter um cardápio saudável que contribua para a perda de peso sem afetar o aleitamento. "A alimentação deve ser balanceada para que a produção de leite seja efetiva", lembra a obstetra Lizandra. No caso de mães diabéticas ou aquelas que por algum outro motivo precisam controlar a ingestão de açúcar, o ideal é optar por adoçantes naturais (extraídos da planta Estévia) em doses pequenas.


Tomar remédio


"Apesar da maioria dos medicamentos passar para o leite materno, isso acontece em uma pequena quantidade, que poderá ou não ser absorvida pelo trato gastrointestinal da criança", explica Sandra Gianelo. Mesmo assim, o médico deverá ser muito seletivo ao prescrever remédios à mãe para que a amamentação continue sem interrupção e com segurança. Segundo a especialista, as drogas realmente contra-indicadas são compostos radioativos, drogas imunossupressoras, quimioterápicos e alguns antiinfecciosos. Os analgésicos e antiinflamatórios de venda livre podem ser tomados no caso de dores nas costas ou cabeça.


Fumar


O número de substâncias tóxicas presentes no cigarro ultrapassa 4 mil. Isso por si só é um argumento fortíssimo para largar o cigarro, não apenas durante a gestação e a amamentação, mas para sempre. Muitas destas substâncias são absorvidas pelo organismo da mãe e, mesmo que a criança não inale a fumaça do cigarro, acaba sofrendo com seus malefícios por meio do leite materno. Além disso, o tabagismo materno está associado à redução do volume de leite e desmame precoce. "Se não for possível parar de fumar, a mãe deve ao menos tentar reduzir o número de cigarros para 2 ou 3 no dia e não fumar no mesmo ambiente em que a criança está", sugere a pediatra.


Pintar o cabelo


As tintas não são recomendadas porque contêm amônia. Essa substância apresenta alto risco de alergia e, portanto, é desaconselhada desde a gravidez. Em caso de reação alérgica haveria necessidade de medicações que podem interferir no desenvolvimento do bebê e no aleitamento. Diante disso, Lizandra acha interessante a mãe evitar tingir os cabelos nos primeiros meses do bebê. "Se ela tiver muita necessidade de pintar os cabelos, sugiro lavá-los bem após a tintura e usar uma touca nos três primeiros dias enquanto amamentar, evitando que o bebê tenha contato com componentes alérgenos", explica Lizandra.


Tomar pílula


A decisão pelo melhor método contraceptivo deve ser discutida com o médico. Porém, segundo Sandra, existem vários tipos e diferentes dosagens de pílulas anticoncepcionais e algumas são compatíveis com a amamentação. "As que contêm estrogênio podem reduzir a produção de leite devido à diminuição da produção de prolactina. Por isso, são indicadas as pílulas apenas de progesterona. Mesmo assim, há relatos de que ela influencia na produção de leite quando usada precocemente no pós-parto", explica a especialista.


Comer chocolate


É muito difícil resistir a um pedaço dele, não é mesmo? E para as viciadas, a pediatra Sandra Avilla Gianelo dá uma boa notícia: "Quem está amamentando pode, sim, comer chocolate, porém sem excessos!". Afinal de contas, o cacau é um alimento muito gorduroso, calórico e contém cafeína, o que pode levar a uma pequena, mas evidente, agitação no bebê. Além do mais, contém poucas vitaminas e fi- bras e pode interferir na ingestão e absorção de outros alimentos mais indicados nessa fase.


Tratamentos estéticos


É preciso cautela antes de pensar em correr atrás de seções estéticas neste período. "A mãe pode procurar este recurso desde que não seja feito na mama. Além disso, ela deve consultar o seu médico antes de colocar qualquer produto químico na pele", alerta a obstetra.


Consumir bebidas alcoólicas


Assim como na gravidez, a ingestão de bebidas alcoólicas no período de amamentação deve ser mais do que evitado. "Quando consumido em doses elevadas, o álcool pode passar pelo leite e deixar o bebê sonolento, enjoado, hipoativo e com risco de apresentar apnéia (parada respiratória)", explica a pediatra e neonatologista Sandra Avilla Gianelo, chefe da Unidade Neonatal do Hospital Estadual Mário Covas, de Santo André, SP. O mesmo vale para a tão famosa cerveja preta que, algumas vezes, é erroneamente recomendada com a alegação de que poderia aumentar a produção de leite. Segundo Sandra, existem várias formas de estimular a produção de leite como massagens e até mesmo reposicionando o bebê na hora de mamar. Não vale correr o risco de prejudicar o bebê com o consumo da bebida que, por ser alcoólica, é nociva.


Beber água


O líquido é muito bem-vindo e imprescindível para a mulher que amamenta. "Durante o período de amamentação, em especial, é muito importante a mãe estar bem hidratada para que haja uma boa produção de leite sem prejuízo do seu volume e qualidade", diz a pediatra. Agora, se ela não tem o hábito de beber água, poderá ingerir sucos naturais, chás claros e leite. No entanto, essas opções são mais calóricas o que pode comprometer a perda de peso da mãe.

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