Nessas áreas os técnicos não detectaram a construção de curvas de níveis, barreiras indispensáveis para impedir a erosão
Ponto em que o rio da Prata deságua no Formoso.
O Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul (Imasul) notificou nesta quinta-feira (22.11) os donos de duas propriedades rurais lindeiras ao rio da Prata, em Bonito, que passaram por manejo do solo recentemente para plantio de soja. Nessas áreas os técnicos não detectaram a construção de curvas de níveis, barreiras indispensáveis para impedir a erosão, o que pode ter causado o carreamento de sedimentos e deixando turvas as águas do rio da Prata.
Técnicos da Agência de Desenvolvimento Agrário e Extensão Rural (Agraer), do Imasul e da Agência Estadual de Gestão de Empreendimentos (Agesul) sobrevoaram a região dos municípios de Jardim e Bonito nessa quarta-feira (21.11), em helicóptero da Polícia Militar. As imagens e conclusões técnicas vão subsidiar as medidas a serem adotadas em seguida para impedir que fato semelhante se repita.
Bigodes
A Agesul também já trabalha na manutenção de estradas da região, construindo barreiras chamadas “bigodes”, que servem para quebrar a velocidade e direcionar as águas pluviais para bacias de contenção, explicou o coordenador de Agricultura da Semagro, Fernando Nascimento. Ele, o engenheiro agrônomo Paulo Cesar Gimenes, da Agraer; e a fiscal ambiental, Roberta Martins Passos Humberg, do Imasul; estavam no helicóptero que sobrevoou a região.
Quanto às duas propriedades, especificamente, que foram notificadas pelo Imasul, os produtores terão que executar as curvas de nível imediatamente, explicou o secretário de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar, Jaime Verruck. “A Agraer tem técnicos em Bonito disponíveis para orientar esses produtores. Não vamos fazer, vamos orientar, a obrigação de construir as barreiras de contenção é do proprietário”, disse. A notificação acontece após vistoria in loco por policiais militares ambientais, que produziram laudo técnico.
Curvas de nível
As curvas de nível são técnicas ideais para evitar a erosão do solo, assegurou Fernando Nascimento. No município de Novo Horizonte do Sul surgiram inúmeras crateras no verão passado que causaram transtornos e prejuízos enormes. O Governo desenvolveu um projeto piloto de execução de curvas de nível para demonstrar a eficiência da prática. “Em outubro tivemos precipitação superior a 500 milímetros e não aconteceu nada, as curvas seguraram toda água. Ano passado a precipitação lá foi de 170 milímetros e causou um estrago enorme porque não havia curvas de nível”, disse.
O titular da Semagro elenca uma série de medidas já em andamento e programadas para os próximos dias nessa direção. “Estamos trabalhando fortemente nisso. Com base nos registros do Cadastro Ambiental Rural (CAR), acabamos de levantar todas as propriedades lindeiras aos rios da Prata, Formoso e Formosinho. Agora vamos conversar com os produtores. Só vamos emitir licenças nessas propriedades, como o corte de árvores isoladas, após vistoria de técnicos do Imasul e da Agraer constatar a existência de medidas de conservação de solo necessárias”.
O secretário esteve na Famasul hoje, em evento que reuniu presidentes de sindicatos rurais de todo o Estado, e aproveitou para conversar com representantes da região sobre as medidas que serão tomadas. “Precisamos do envolvimento dos sindicatos, do engajamento dos proprietários. Precisamos também dos vereadores de Jardim e Bonito fiscalizando, ajudando a cuidar do meio ambiente. Porque o ecoturismo é a força da economia dessas duas cidades”, completou.
Nos próximos dias a Semagro deve convocar uma reunião com os proprietários de terras lideiras aos três rios principais de Jardim e Bonito, como também diretores dos sindicatos rurais, prefeitos e vereadores, para anunciar medidas complementares. “O foco é preservar o ecoturismo”.
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