"Paracoccidioidomicose". A palavra grande e desconhecida é o nome de uma micose que provoca graves lesões no pulmão e afeta, principalmente, lavradores em Mato Grosso do Sul. A notificação dos casos é obrigatória desde o ano passado pela SES (Secretaria Estadual de Saúde), contudo o diagnóstico tende a ser tardio.
De acordo com a médica infectologista Anamaria Paniago, a desinformação quanto ao problema é registrada inclusive entre os médicos. "A doença acomete os trabalhadores na fase mais produtiva da vida. E, por muitas vezes, mesmo após o tratamento, a pessoa fica incapacitada para o trabalho em função das cicatrizes no pulmão", aponta.
Conforme boletim de epidemiologia do HU (Hospital Universitário), entre 1980 e 1995, o Estado apresentou a maior taxa de mortalidade por Pbmicose (nome abreviado da doença) do Brasil. "O fungo está presente no subsolo e é associado a tocas de tatus. Ao remover a terra, ele entra pelas vias respiratórias", explica.
De acordo com a médica, o ideal é o uso de máscara ao trabalhar na lavoura. "Se a pessoa apresentar sintomas como tosse e enfraquecimento deve procurar atendimento", destaca. Os sintomas são parecidos com os da tuberculose.
Ainda segundo dados do boletim, dos 422 casos atendidos no HU entre janeiro de 1980 e agosto de 1999, quase metade (45,5%) eram trabalhadores rurais no momento do diagnóstico. Em 2007, foram registrados 20 casos no serviço hospitalar de epidemiologia do HU. A identificação da micose é feita por meio de exame de laboratório.