Teslenco, diretor da ABCG, em depoimento na CPI da Saúde da ALMS. / ALMS
Wilson Teslenco, diretor presidente da ABCG (Associação Beneficente de Campo Grande), que desde o último dia 16 voltou a ser responsável pela gestão da Santa Casa de Campo Grande, foi a primeira pessoa a ser ouvida pela CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Assembleia Legislativa. A Comissão visa averiguar possíveis irregularidades no repasse de recursos do SUS (Sistema Único de Saúde) para unidades hospitalares de Campo Grande, Corumbá, Paranaíba, Dourados, Três Lagoas, Jardim, Coxim, Aquidauana, Nova Andradina, Ponta Porã e Naviraí.
Durante a oitiva, que aconteceu na tarde desta segunda-feira (10), Teslenco apresentou um levantamento que revela problemas enfrentados pela Santa Casa, que comprometem a qualidade do serviço oferecido na unidade. ?A dívida do hospital com fornecedores e tributos ultrapassa a casa dos R$ 112 milhões. Agora, o trabalho é de readequação para diminuir despesas e otimizar os serviços?, esclareceu.
Ele ainda informou que há 46 ações contra a Santa Casa, que tramitam nas varas civil e trabalhista, totalizando uma dívida superior a R$ 160 milhões.
Intervenção
Na oitiva ficou comprovado que a Santa Casa foi prejudicada com a intervenção do município de Campo Grande e do Estado de Mato Grosso do Sul. A dívida da entidade era de R$ 47 milhões antes da intervenção chega a mais de R$ 160 milhões. Dos 750 leitos disponíveis ao SUS, restam 630 leitos.
Além do aumento dos gastos e redução de leitos, a Junta Interventora contratou mais pessoas, aumentou as terceirizações e realizou contratos com valores absurdos para a aquisição de medicamentos. ?Quando deixamos a direção da Santa Casa tínhamos dois mil colabores. Com a intervenção, esse número subiu para três mil. As terceirizações triplicaram.?, destacou.
Teslenco frisou que uma auditoria está sendo realizada pela nova administração e irregularidades já foram encontradas. Ele disse que no último dia da intervenção foi autorizada a compra de medicamentos que o consumo trimestre representava R$ 46 mil. No último dia se trocou a marca do medicamento por outra que custava R$ 500 mil. Uma parte já havia sido entregue, mas a outra foi suspensa, fator que evitou um gasto de R$ 1,6 milhão, destacou.
Além do depoimento, Teslenco deve encaminhar um relatório sobre a situação financeira e administrativa da Santa Casa à comissão.
As investigações
A CPI da Saúde terá 120 dias para concluir os trabalhos de investigação, podendo ser prorrogada apenas uma vez, por mais 60 dias. A Comissão Parlamentar de Inquérito decidiu investigar os cinco últimos anos de contratos entre os municípios e o SUS.
Denúncias
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