Pesquisadores americanos anunciaram domingo, em um seminário para a comunidade científica no Rio, ter chegado a um estágio inédito nas pesquisas com vacinas para conter ou barrar o vírus HIV.
Segundo o pesquisador da USP Edécio Cunha-Neto, organizador do evento, é a primeira vez no mundo que elas serão testadas em grupos de mais de 3 mil pessoas. Os resultados dessa nova fase de pesquisa estão previstos para serem divulgados no fim de 2009.
Como ainda não há hoje perspectivas de criar uma vacina preventiva --ou seja, que impeça a infecção--, a aposta dos cientistas é a vacina terapêutica, que melhore a capacidade do sistema imunológico de resistir ao HIV após o contágio.
Os testes serão feitos pelo laboratório Merck e pelo Instituto Nacional de Saúde dos Estados Unidos. Ambos publicaram, na semana passada, resultados positivos de testes que vinham fazendo com grupos de até 60 pessoas.
Se funcionarem, a substância permitirá que os vacinados, se contaminados com o vírus, ganhem uma sobrevida maior da que teriam sem a vacina e fiquem menos dependentes de anti-retrovirais.
As pesquisas feitas até agora mostraram que as vacinas melhoraram a capacidade do organismo de combater um tipo de vírus criado pelos cientistas e que contém fragmentos de DNA do HIV, numa espécie de vírus da Aids simulado.
O teste foi feito com 918 pessoas saudáveis (dividas em grupos de até 60 pessoas) e com baixo risco de contaminação. Por seis semanas, os voluntários receberam injeções de vetores de DNA com fragmentos de HIV e adenovírus --agente que transmite resfriados.
Esse vírus foi inserido na solução da vacina porque, segundo Cunha-Neto, ele é capaz de gerar reações imunes mais fortes no organismo. O resultado revelou que a vacina foi bem tolerada em 70% dos voluntários.
A Merck já está colocando em prática a próxima etapa, a chamada fase 2B, em que o mesmo tipo de vacina é testado em grupos com mais de 3 mil pessoas. Segundo Cunha-Neto, o que se espera dessas vacinas é que, após injeção no músculo de DNA que codifica proteínas de HIV, essa solução se transforme em RNA (ácido ribonucléico) dentro das células humanas e, em seguida, em proteínas que farão o sistema imune desencadear a proliferação de linfócitos específicos para combater os fragmentos do vírus da Aids.
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