Hoje iniciarei uma série sobre a ansiedade feminina - diferenciando-a da masculina em aspectos relacionados ao gênero. Medo é uma reação a um perigo. Ansiedade é um sentimento de medo, fora de proporção a qualquer perigo real.
A biologia da ansiedade inclui o medo condicionado, processado por vias ou conexões existentes no cérebro nas estruturas entre o tálamo, o córtex sensorial e o sistema límbico (amídala e hipocampo).
Humanos com lesão na amídala não conseguem reconhecer o medo na face de uma pessoa e não identificam estímulo que levam ao perigo, por exemplo. Ainda na biologia, sujeitos que herdam a variante curta do gene humano transportador de serotonina, experimentam maior ativação da amídala quando comparados aos indivíduos portadores da variante longa. Ou seja, uma alteração genética pode contribuir para o desencadeamento da ansiedade.
Portanto, na biologia da ansiedade, as regiões límbicas projetam-se para o tronco encefálico e hipotálamo, que controlam as respostas simpáticas e parassimpáticas (sistema nervoso autonômico). Enfim, alterações funcionais e estruturais do sistema nervoso central estão implicadas na gêneses da ansiedade. Há vários neurotransmissores (que são mensageiros químicos cerebrais) envolvidos: serotonina, Glutamato, GABA e norepinefrina.
As mulheres desenvolvem transtornos ansiosos em uma freqüência maior que a masculina. De uma forma geral, a prevalência de transtornos ansiosos femininos, ao longo da vida, é de aproximadamente 30% comparada aos 19% do sexo masculino. Certos tipos de transtornos ansiosos são 2 a 3 vezes mais freqüentes nas mulheres, tais como o transtorno do pânico, fobias específicas e transtorno do estresse pós-traumático
Por que as mulheres são mais suscetíveis?
1) Diferença de vulnerabilidade psíquica às oscilações dos níveis hormonais;
2) Vulnerabilidade diferenciada ao estresse mantido, com impacto diferente ao masculino;
3) Fatores relacionados à personalidade, por exemplo, o neuroticismo;
4) Mudanças recentes nos aspectos psicossociais, culturais e comportamentais do universo feminino, por exemplo, realização de múltiplas tarefas simultâneas, maiores exigências no mercado de trabalho quando comparadas aos homens, com inúmeras pressões e ainda discriminações, apesar dos avanços.
A incapacitação funcional decorrente dos mesmos é grande. Além do mais, as mulheres procuram mais os cuidados médicos para o tratamento da ansiedade, consumindo mais tranqüilizantes e agentes psicotrópicos (por exemplo, os antidepressivos).
Pesquisas demonstram que as mulheres costumam ser menos resistentes na busca de auxílio, encaram a ajuda médica e psicológica de uma forma natural, cuidam mais da saúde e conseguem relatar uma gama maior de sintomas aos médicos - quando na presença deles. O problema é quando começam a ficar escravas de determinados padrões sociais, culturais e comportamentais ditatorialmente impostos pela sociedade contemporânea. E quando na busca de bem-estar a todo custo começam a seguir receitas de amigas ou familiares, sem uma prescrição de antidepressivo feita pelo psiquiatra.
Evidências sugerem que fatores biológicos, particularmente a variabilidade às oscilações dos níveis hormonais, podem desempenhar um papel importante na ocorrência e nas características clínicas da ansiedade feminina.
Por exemplo, vários estudos demonstraram uma associação entre mudanças hormonais do pré-menstrual e uma grande vulnerabilidade aos sintomas de pânico, assim como para outros transtornos psiquiátricos.
Muitas mulheres procurando tratamento para síndrome pré-menstrual e pânico, na realidade, experimentam uma piora de tais sintomas no pré-menstrual. Outros períodos de vulnerabilidade incluem o pós-parto e a perimenopausa (período ao redor da menopausa, caracterizado por oscilações dos níveis hormonais e por sintomas físicos e psíquicos como os fogachos, tristeza, insônia e irritabilidade).
Portanto, o conhecimento e atenção às características específicas do ciclo reprodutivo feminino e suas correlações com os transtornos ansiosos é fundamental.
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