Pesquisadores da UnB (Universidade de BrasÃlia) estão otimistas com a possibilidade de poderem usar uma secreção da pele de pererecas no desenvolvimento de drogas no futuro.
Os seis tipos de proteÃna isolados pelo grupo mostraram, em estudos com camundongos, ter potencial para combater a malária, a leishmaniose e algumas infecções por bactérias resistentes a antibióticos.
P. hypochondrialis tem substância com potencial terapêutico
As moléculas já passaram, com sucesso, por dois tipos de testes. "Fizemos alguns experimentos in vitro e também os testes de toxicidade in vivo, em camundongos", explica Selma Kückelhaus, pesquisadora da UnB e uma das responsáveis pelo estudo com as proteÃnas.
A secreção viscosa usada como matéria-prima foi extraÃda de duas espécies de anfÃbios, a Phyllomedusa hypochondrialis e a P. oreades. "O estudo das proteÃnas dessas pererecas é super comum", explica a pesquisadora. Vários grupos, inclusive do Brasil, já isolaram outros agentes antibióticos dessa perereca.
Dentro do laboratório, as substâncias estudadas em BrasÃlia, mesmo em baixas concentrações, destruÃram os microrganismos (Plasmodium falciparum, da malária, Leishmania amazonensis, da leishmaniose tegumentar americana, e dois tipos de bactéria bastante virulentos) quando entraram em contato direto com eles.
Na segunda fase, o mesmo sucesso ocorreu, conta Kückelhaus. As filosseptinas (como são chamadas as proteÃnas isoladas pela equipe da UnB) foram testadas na medula óssea, no fÃgado, no baço, nos rins e no pulmão dos camundongos.
"Os peptÃdeos [nome dado à s proteÃnas de baixo peso molecular] se mostraram livres de toxicidade in vivo mesmo em concentrações dez vezes acima da que proporciona o efeito antimicrobiano", diz Kückelhaus.
O projeto de pesquisa, que existe desde 2001, ainda está longe do fim, explica a pesquisadora. "à um processo demorado mesmo. Porém, com mais um ano, já teremos novos resultados, quem sabe, ainda mais positivos", diz.
A expectativa do grupo é saber se a ação contra o causador da malária vai ser realmente confirmada. "Vamos ver a viabilidade disso nos modelos experimentais [animais]."
O estudo feito pela UnB, em parte, também contou com a participação da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária). O processo de isolamento e sÃntese dos peptÃdeos já está patenteado.