Um estudo inédito do CVS (Centro de Vigilância Sanitária) de São Paulo constatou que 40% dos casos de intoxicação no Estado são causados por remédios. O estudo compreende os casos registrados entre 1991 e 2000 nos 11 Ceatox (Centros de Assistência Toxicológica) do Estado.
Ao todo, foram 128.769 casos de intoxicação avaliados, dos quais 49.743 foram causados remédios. Com os dados, o CVS elaborou uma lista dos remédios que causaram mais intoxicações. A constatação foi a de que, além de medicamentos controlados, como fenobarbital e carbamazepina, medicamentos comuns e vendidos livremente, como dipirona e paracetamol, também intoxicam.
"Nossa sociedade não lida com o medicamento como algo que contenha risco. Dependendo da dose", diz Eliane Gandolfi, coordenadora do núcleo de tóxicos do CVS. Segundo Gandolfi, o analgésico paracetamol, por exemplo, pode causar problemas hepáticos se usado em excesso.
Um dos dados constatados que mais chamou a atenção dos pesquisadores foi o número de intoxicações causadas por tentativas de suicídio. Segundo Gandolfi, o índice atinge 62% dos casos registrados pelo estudo. "A maior parte é formada por mulheres, mas não porque as mulheres se matem mais, mas porque escolhem mais esse método [os remédios] que homens", afirma.
Crianças
A suscetibilidade das crianças à intoxicação por remédios também é alta, segundo o estudo. Dos 49.743 casos, 34% ocorreram com crianças de até 5 anos.
"O remédio é sempre apresentado à criança como uma coisa gostosa, boa, e sempre se parece com doces ou balas", afirma Gandolfi. Para evitar intoxicação de crianças, a recomendação é deixar os remédios em locais altos onde as crianças não tenham acesso e de preferência trancados.
O grupo que teve mais intoxicações, no entanto, foram as mulheres: 59% dos casos. Os adolescentes somam 17,6% das intoxicações.
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