Requerimento para a instalação da CPI foi apresentado pelos deputados Lauro Davi e Amarildo Cruz / Giuliano Lopes / ALMS
Troca de farpas. A expressão usada pelo midiamax, de Campo Grande, talvez defina com exatidão o ?nascimento? da CPI da Saúde, instalada nesta quarta feira, 14, na Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul.
Como existem claros interesses envolvidos em qualquer Comissão Parlamentar de Inquérito, velhas feridas da política estadual vieram a tona em várias falas dos parlamentares e mais uma vez a animosidade especialmente de petistas e peemedebistas ficou evidente, contrariando a lógica nacional, onde os dois partidos são parceiros.
?Não acredito que a CPI chegue até onde deveria chegar, ou seja, na elucidação de eventuais desvios de recursos, como pretende alguns, pois sempre existe uma referência do passado a ser questionada e que pode vir a tona nesses momentos?, disse ao PANTANEIRO o estudante universitário Marcos Oliveira, 28 anos, atento ao que se publicou ultimamente sobre o setor de saúde no Estado.
Nesta linha, Marcos Trad (PMDB) cobrou, em sua intervenção, que os trabalhos da CPI não se restrinja a Campo Grande, mas chegue especialmente a Corumbá e Dourados, onde gestões do PT, no passado, teriam deixado rastros. No último caso, as investigações da Operação Uragano respingaram em Laerte Tetila, hoje deputado petista.
Se Marquinhos foi repreendido por Pedro K emp (PT) de desviar o foco, quando cobrou, também, investigação mais séria sobre a ?máfia do asfalto?, Laerte Tetila usou do mesmo artifício, ao ser indiretamente citado, preferindo elencar conquista de sua administração no maior município do interior.
No meio dos tiroteios várias manifestações, em plenário, parecem reforçar o raciocínio do estudante Marcos Oliveira de que toda efervescência vai passar. Júnior Mochi (PMDB) sobre um dos itens da CPI ? falta de leitos ? foi taxativo: ?Vamos ter que abrir uma CPI nacional?. George Takimoto (PSL), que é médico, argumentou que a CPI está sendo instalada ?mais por pressão do que por necessidade? e recomendou cuidado aos companheiros de casa.
?Algo precisa ser feito, diante do volume de dinheiro aplicado e da péssima qualidade do atendimento?, destacou Amarildo Cruz do PT. Sobre esta declaração o Pantaneiro ouviu alguns campograndenses. Fabiana Aquino, comerciária, entende que ?esse é um problema geral, tenho familiares no Rio e Goiás que reclamam da mesma situação e contam horrores do que acontece nos hospitais da rede pública?.
Diante do ?tiroteio? que se viu talvez a opinião mais sensata tenha sido dada pelo deputado Lauro Davi. Ao esquivar-se de ser relator da Comissão destacou três coisas: pode dar muito trabalho, pode não ser propositiva e pode ser na verdade um movimento de caça as bruxas. Quanto a sua participação disse que ?irá fundo nas investigações? e que a questão partidária não irá atrapalhar. O ambulante Antonio A. Silva, abordado na Avenida Afonso Pena por nossa equipe de reportagem, ao ser informado dos trabalhos da CPI e especialmente desta declaração de Lauro Davi, abriu um sorriso, como alguém que conhece o dia a dia de nossa política, resumindo sua fala numa breve palavra, na forma de pergunta: ?Será??
Entendendo o porquê da CPI
A Comissão Parlamentar de Inquérito da Saúde no Estado surgiu diante das denuncias de superfaturamento de remédios, escândalo da máfia do câncer, denúncias do Denasus (Departamento Nacional de Auditoria do SUS) desde 2010, entre outras questões. Depois da instalação, ontem, os membros para sua composição serão indicados pelos partidos. Dá-se como certo a indicação, entre outros, de Amarildo Cruz e Lauro Davi, por serem proponentes da CPI.