Desenvolver uma vacina contra o vírus da Aids é pouco provável, mas não impossível. Essa é a opinião do suíço Rolf Zinkernagel, ganhador do Prêmio Nobel de Medicina e Fisiologia de 1996, um dos palestrantes do 13º Congresso Internacional de Imunologia, realizado no Rio de Janeiro.
Em 1996, ele e o australiano Peter Doherty mostraram como os linfócitos T - células que têm como missão matar as células infectadas pelo HIV - reconhecem modificações na superfície celular durante uma infecção.
Antes disso, pensava-se que tais células reconheciam vírus ou bactérias como anticorpos, mas a descoberta dos dois comprovou a existência de uma molécula que captura fragmentos do vírus ou da bactéria e os leva para a superfície. As células T apenas reconhecem essa molécula sem esses pedaços do vírus.
Embora a descoberta tenha trazido enorme contribuição para a pesquisa clínica atual, Zinkernagel destacou que o conhecimento dos pesquisadores de fato cresceu, mas não o suficiente para encontrar soluções que levem ao desenvolvimento de vacinas contra doenças como a Aids.
Segundo ele, é muito mais difícil criar uma estratégia para desenvolver uma vacina para vírus como o HIV, ou o da malária, uma vez que são microorganismos que estão em constante mutação.
Edecio Cunha Neto, professor da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), discorda de Zinkernagel. Ele acredita que uma vacina capaz de induzir uma resposta celular pode gerar diminuir a quantidade de vírus.
A equipe da qual Cunha Neto faz parte trabalha atualmente no desenvolvimento de uma vacina cujo princípio é induzir uma resposta imune dos linfócitos T. Em 2008, o pesquisador deverá começar estudos com humanos de uma vacina de DNA, com fragmentos do vírus, já testada em camundongos.
Atualmente, cerca de 20 vacinas contra o HIV estão sendo testadas no mundo, duas em fase clínica adiantada: uma desenvolvida pelos Institutos Nacionais de Saúde (NIH), nos Estados Unidos, e outra pelo laboratório Merck.
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