Os brasileiros acabam de ganhar mais um motivo para ter inveja dos argentinos. Além do melhor churrasco, do melhor vinho e de três Prêmios Nobel, a Argentina acaba de ganhar também seu primeiro Ig Nobel, o Nobel da pesquisa inútil.
O "prêmio" é concedido anualmente por um grupo de humoristas a pesquisas "que não poderiam ou não deveriam ter sido publicadas".
Neste ano, levou o troféu na improvável categoria Aviação um estudo de um grupo da Universidade de Quilmes (cidade da Grande Buenos Aires) que mostrou que o Viagra é capaz de reverter os efeitos do "jet lag" (o mal-estar causado por viagens para fusos horários diferentes) em hamsters.
"Estou contentíssimo e orgulhosíssimo", declarou à Folha o cronobiólogo Diego Golombeck, co-autor do estudo, poucas horas antes de viajar para receber o prêmio pessoalmente em Cambridge (EUA), numa cerimônia que encheu o imponente Teatro Sanders, da Universidade Harvard -e contou com a presença de seis ganhadores do Nobel de verdade.
"Sabíamos que esse artigo iria dar o que falar, porque teve muita divulgação na época. É dessas pesquisas que fazem você rir primeiro e pensar depois", afirmou Golombeck, citando o mote do Ig Nobel.
O trabalho de Golombeck e colegas foi publicado no ano passado na revista científica "PNAS", uma das mais importantes do mundo. Ele explica como o sildenafil, o princípio ativo do Viagra, consegue adiantar o relógio biológico de mamíferos, tornando-os menos suscetíveis às alterações entre luz e escuro que provocam os sintomas do "jet lag".
Apesar do apelo humorístico, os cientistas juram que o trabalho é sério e que pode ajudar a melhorar a vida de viajantes internacionais no futuro. Só não explicaram ainda como lidar com os efeitos colaterais.
O prêmio da Paz também foi para a área da aviação: seu vencedor foi o Laboratório Wright, da Força Aérea dos EUA, que nos anos 1990 iniciou o desenvolvimento de um programa de armas químicas que incluía bombardear soldados inimigos com substâncias para atrair insetos ou com "substâncias que alteram o comportamento humano".
"Um exemplo de mau gosto [sic] mas completamente não-letal seriam afrodisíacos fortes, especialmente se a substância também causasse comportamento homossexual", afirma um documento do programa que foi tornado público.
Pela primeira vez nos 17 anos de história do Ig Nobel, há uma participação maciça de sul-americanos entre os agraciados.
O chileno Enrique Cerda ganhou o laurel em Física por explicar por que os lençóis ficam enrugados, e o colombiano Juan Manuel Toro, o de Lingüística, ao demonstrar que ratos não conseguem diferenciar sempre o holandês do japonês quando falados numa gravação tocada de trás para a frente. É a segunda vez que sul-americanos ganham o Ig Nobel.
"Vocês, brasileiros, precisam fazer alguma coisa a respeito", desafia o químico e humorista Marc Abrahams, editor da revista Anais da Pesquisa Improvável, que organiza o Ig Nobel.
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