O filho do guardador de carros de 71 anos, que foi espancado por três jovens na madrugada deste sábado (6), em Rio Claro (SP), ainda tenta entender o que motivou tamanha brutalidade. ?Eu ainda não sei o porquê disso. Ele está terrível e a gente fica até impressionado de ver?, disse o eletricista José Donizete Santana de Oliveira. Dois jovens foram presos e o terceiro ainda é procurado. Todos são suspeitos de integrar um grupo neonazista e um dos presos teria dito para um guarda municipal que ?negros têm que morrer mesmo?.
A vítima, que continua internada no Pronto-Socorro de Rio Claro, teve traumatismo craniano e o estado de saúde é considerado estável. ?Ainda é um pouco grave e ainda aguarda o resultado da tomografia. A cabeça foi a mais afetada e ele está bem machucado?, explicou Oliveira.
O idoso, que mora em Ipeúna, costuma ir a Rio Claro para complementar a renda guardando carros em eventos e festas no bairro Santa Cruz. ?Ele é conhecido ali e nunca mexeu em nada. Esse foi o primeiro incidente?, afirmou o filho.
Racismo
Os dois presos, um rapaz de 20 e outro de 21, são do Paraná e estavam em Rio Claro a trabalho. Segundo a polícia, eles têm tatuagens de cunho racista e a polícia paranaense informou que eles são suspeitos de integrar um grupo neonazista. ?Ele falou que não gostava de negro e que negro tinha que morrer mesmo?, disse o guarda municipal José Carlos Lopes de Barros.
Em depoimento, eles negaram que sejam do grupo e que apenas são amigos de pessoas ligadas ao movimento. Ambos vão responder por lesão corporal grave e lesão corporal leve, já que um homem de 57 anos também alegou ter sido agredido. O terceiro suspeito do crime ainda não foi localizado.
Os dois presos ainda não têm advogado e devem ser transferidos para a penitenciária de Itirapina.
O caso
De acordo com a Guarda Civil Municipal, por volta das 2h30, guardas receberam a denúncia de que havia um senhor caído em uma calçada e que tinha sido vítima de agressão.
Moradores disseram que os autores foram dois jovens que fugiram. Eles foram encontrados perto do local e levados para a delegacia de plantão. Durante o caminho, eles disseram frases de intolerância como ?paulistas são todos burros?, ?os pobres tinham que morrer? e que ?não gostavam de velhos?.