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No entanto a vítima relata com o português arranhado que o caso não aconteceu só uma vez / Arquivo Pessoal

Haitianos que moram há alguns meses em Campo Grande, reclamam de diversas agressões que estão sofrendo por serem imigrantes. Uma das vítimas, de 33 anos, que não quis se identificar por medo, mas será nomeado nesta reportagem como "Lucas", disse que um brasileiro está os ameaçando e mora na região.

“Vivemos em ameaça” disse Lucas que mora há 7 meses no Bairro Rita Vieira. Ele contou à reportagem que foi vítima do brasileiro, de 32 anos, na noite da última sexta-feira (28), enquanto estava na casa de uma amiga, também haitiana no Bairro Residencial Rita Vieira, onde o agressor é vizinho.

De acordo com o boletim de ocorrência, o homem entrou na casa com uma faca e pedaço de pau e desferiu uma facada na vítima, acertando seu antebraço esquerdo, já que era a única pessoa que estava próxima da porta. Uma mulher também haitiana foi agredida no rosto e braço.

No entanto a vítima relata com o português arranhado que o caso não aconteceu só uma vez. “Não é de hoje que estamos sendo agredidos por não sermos brasileiros. Outra colega haitiana apanhou e precisou ser levada para o hospital. Outro haitiano que mora na região também foi agredido”, contou.

Ainda segundo boletim de ocorrência, o agressor chegou a dizer que que a briga era com a família de haitianos que mora do lado de sua residência, mas como Lucas teria entrado no meio da briga, acabou atingido.

Além das agressões, Lucas disse que todos estão sofrendo muitas ameaças. “Ele disse pra nós que se qualquer haitiano for na delegacia ele vai matar, ele disse com essas palavras, estamos com medo, porque a polícia não faz nada”, disse.

TUDO POR UMA VIDA MELHOR

Morando no Brasil há 3 anos, dentre esses, 7 meses em Campo Grande, Lucas chegou sozinho para trabalhar e conseguir uma qualidade de vida melhor para a esposa e os 7 filhos. “Sai do Haiti porque a situação lá é bastante precária. Furacões, falta de emprego, dificuldades, saí de lá para dar um futuro melhor para os meus filhos, relatou.

Ele conta que chegou sozinho e depois conseguiu trazer a esposa. Agora a luta é para trazer os filhos que ficaram com a tia no país de origem. “Preciso trazer meus filhos, por enquanto não tenho dinheiro, estou desempregado, eu trabalho como pedreiro, quase não tenho oportunidade e quando tenho sou explorado por ser estrangeiro. Aqui parece que eles dão valor só para quem é Brasileiro. Meu último emprego estava trabalhando para um pedreiro e ele me pagava muito pouco para muitas horas de trabalho. Dai eu sai e estou procurando outro emprego. Tudo é pelos meus filhos”, finalizou.

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