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Policial

Justiça Federal de SP autoriza transferência de traficante colombiano para Campo Grande

Daniel Pedra, com informações da Folha de S. Paulo


A 6ª Vara Federal Criminal de São Paulo autorizou a transferência do traficante colombiano Juan Carlos Ramírez Abadía, o "Chupeta", para o Presídio Federal de Campo Grande. A Polícia Federal temia pela segurança do preso na sua custódia em São Paulo (SP), um local destinado a prisões temporárias.


De acordo com policiais federais que participaram da Operação Farrapos, que resultou na prisão do colombiano, tinha risco de tentativa de resgate do traficante. A transferência de Abadía será feita de maneira sigilosa para evitar eventuais incidentes.


Ele deve ser transferido o mais rápido possível para evitar a possibilidade de uma ação de resgate. Segundo o superintendente da PF em São Paulo, Jaber Saad, a segurança foi reforçada na sede da Polícia Federal em São Paulo, onde o traficante está preso. "Foi preciso reforçar a segurança, já que, com um criminoso como esse, não podemos deixar de considerar a hipótese de uma tentativa de resgate", disse.


Com 44 anos de idade, "Chupeta" é um dos homens mais procurados pelas autoridades dos Estados Unidos. Ele foi preso na última terça-feira pela Polícia Federal em um condomínio de luxo em Aldeia da Serra, em Barueri, na Grande São Paulo, durante uma operação contra uma quadrilha internacional de narcotráfico e lavagem de dinheiro.


O colombiano teve decretada na noite de quarta-feira pelo STF (Supremo Tribunal Federal) a prisão preventiva "para fins da extradição formulada pelo governo dos Estados Unidos". A prisão para extradição é o primeiro passo para que o colombiano possa ser extraditado. Com a confirmação da transferência de Abadía para Campo Grande, a cidade passará a abrigar os maiores nomes do narcotráfico latino-americano da atualidade, já que Luiz Fernando da Costa, o "Fernandinho Beira-Mar", está no Presídio Federal deste o mês passado.


Delação premiada
Abadía propôs informalmente à Polícia Federal um acordo de delação premiada. Ele se dispôs a entregar os nomes dos policiais que corrompeu desde que chegou ao Brasil em 2004. Em troca, quer que a Justiça autorize que ele cumpra a pena por lavar dinheiro no Brasil em uma prisão nos EUA.


Para demonstrar que a proposta de acordo não é um blefe, o traficante disse que irá mostrar onde tem mais dinheiro. O suposto local já foi alvo de uma operação de busca e apreensão da PF. Na última terça-feira, quando foi preso, a PF apreendeu em sua casa US$ 544 mil, R$ 55 mil e 250 mil. Parte das notas estava escondida dentro de caixas acústicas. Ele vivia numa casa de 1.800 m2, num condomínio em Aldeia da Serra, em Barueri, na Grande São Paulo.


Abadía era um dos traficantes mais procurados do mundo. Nos EUA, ele é acusado de tráfico de drogas no Colorado e em um dos distritos de Nova York. Em nenhum desses locais, no entanto, foi condenado. Ele é apontado pelo DEA (Drug Enforcement Administration, a agência antidrogas americana) como o chefe do Cartel do Vale do Norte, da Colômbia, que teria enviado mil toneladas de cocaína para aquele país. Ele é acusado pela Justiça dos dois países de ordenar 315 assassinatos -300 na Colômbia e 15 nos EUA.


No Brasil, até onde a PF conseguiu apurar, Abadía não teria traficado cocaína. Ele usava o país para lavar o dinheiro que arrecadou em mais de 20 anos de tráfico -as autoridades americanas estimam que sua fortuna possa ser de US$ 1,8 bilhão (cerca de R$ 3,5 bilhões). Segundo a investigação da PF, ele usava uma rede de 17 empresas para lavar dinheiro.


As empresas ficam em São Paulo, no Paraná e no Rio Grande do Sul e cobrem negócios que vão de computadores a alimentos, de perfume a carros, de jet ski a piscicultura. A pena para lavagem de dinheiro no Brasil é a reclusão de três a dez anos e multa. Em tese, a proposta do traficante pode ser contemplada em parte pela legislação brasileira -a delação premiada está prevista no Código Penal.


A idéia por trás do acordo de delação é permitir que o Estado chegue ao criminoso mais importante e mais difícil de ser preso. Cabe ao juiz decidir o quanto a pena será reduzida - dependendo do caso, ele pode até perdoar o réu. Já o cumprimento de pena nos EUA não está previsto na lei brasileira, segundo o criminalista Adriano Salles Vanni.


O juiz da delação premiada poderia, porém, fazer esse tipo de transação. Ontem, o Supremo Tribunal Federal autorizou a extradição para os Estados Unidos de outro traficante, o colombiano Mario Fernando Camacho Martinez. Ele foi indiciado na Justiça americana sob acusação de tráfico de drogas e lavagem de dinheiro.

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