Se o desfecho do caso de Isabella resultou na condenação do casal acusado, outro caso que ganhou repercussão nacional teve uma reviravolta, poucas horas antes. Após três anos preso, pedreiro acusado de matar menina Gabrielli, de um ano, foi solto, em Santa Catarina.
“Nunca acreditei na culpa de Oscar. Nunca achei que ele tivesse matado minha filha”. Foi dessa maneira que a balconista Andréia Pereira, 30 anos, reagiu ao saber que o pedreiro Oscar Gonçalves do Rósário saiu da Penitenciária Industrial de Joinville, nesta quinta-feira (25), após cumprir três dos 20 anos de condenação pela morte da menina Gabrielli Cristina Eicholz, de 1 ano e meio. O Tribunal de Justiça de Santa Catarina anulou o processo que o condenou.
A menina foi encontrada morta em uma pia batismal de uma igreja em Joinville (SC), em março de 2007. ”Eu deixei a polícia fazer o trabalho que tinha de ser feito, mas eu e minha mãe vestimos minha filha para o sepultamento e percebemos que o corpo dela estava intacto. Não tinham feito nada com ela”, disse Andréia, ao citar que a polícia chegou a dizer que a menina tinha sido violentada antes de morrer.
O pedreiro seguiu para a casa dos pais, em Canoinhas (SC). “Minha mãe e eu estávamos no supermercado comprando as bolachas que meu irmão gosta, pois hoje [sexta-feira (26)] seria dia de visita, quando recebemos a ligação avisando que ele seria solto. Caiu tudo no chão de tanta emoção”, disse Maria Aparecida Gonçalves, 18 anos, irmã de Oscar. “Lembro que só eu estava com ele quando a polícia foi buscá-lo em casa para ser preso”, disse ela.
Maria Aparecida disse que ela e a mãe saíram do supermercado e foram preparar a festa para receber Oscar de volta. “Soltamos fogos de artifício, assamos uma carne e convidamos os amigos dele. Foi muita alegria, não esperávamos uma notícia tão boa como essa”, afirmou a irmã.
Descrente da culpa de Oscar, a família da menina Gabrielli entrou com um processo contra a igreja onde ela foi encontrada morta. A tia da vítima havia levado a garota para uma celebração religiosa e, segundo depoimento dela à época da investigação, a criança foi deixada com três monitoras do templo religioso.
Reviravolta
Nesta quinta-feira, o Tribunal de Justiça de Santa Catarina anulou o processo que tinha condenado o pedreiro a 20 anos de prisão. Em 12 de março deste ano, o pedreiro completou o terceiro ano da pena na Penitenciária Industrial de Joinville.
De acordo com o Tribunal de Justiça, os trabalhos de investigação policial devem ser reiniciados. Ainda de acordo com o Tribunal de Justiça, a decisão de anular o processo teve por base irregularidades nos procedimentos policiais e atendeu a um recurso da advogada Elizângela Asquel Loch, responsável pela defesa do pedreiro. “Houve violação das garantias constitucionais de Oscar e produção de provas ilícitas durante o inquérito policial”, disse Elizângela.
Segundo ela, a confissão obtida pela polícia em 12 de março de 2007 foi ilegal. “Oscar foi preso durante o depoimento, mas o mandado de prisão foi expedido apenas no dia seguinte. Acho difícil que a polícia consiga reabrir o caso e fazer uma nova investigação em um segundo inquérito policial. Não há provas contra meu cliente”, disse a advogada ao G1.
Caso
O crime aconteceu em Joinville, em março de 2007. Gabrielli, que tinha 1 ano e meio, foi levada para um culto da igreja evangélica e desapareceu depois de ter sido deixada em uma sala para brincar com outras crianças. Seu corpo foi encontrado no tanque batismal do templo. Um laudo do Instituto Médico-Legal (IML) apontou que ela foi violentada e estrangulada.
O pedreiro Oscar Gonçalves do Rosário foi preso poucos dias depois da morte de Gabrielli. Segundo a polícia, quando foi preso, ele confessou ter violentado e matado a criança. Ele também participou da reconstituição do crime. Duas semanas depois, ele voltou atrás e negou o crime.
Em agosto de 2008, ele foi condenado a 20 anos de prisão, em regime fechado. Durante o julgamento, Rosário negou que estivesse na igreja e disse que estava na casa dos tios. Ele teria saído por pouco tempo para fazer uma ligação para familiares.
O acusado ainda disse que foi ameaçado por policiais para confessar o crime e que chegou a ser agredido após fazer o exame de corpo de delito.