Depoimento estava marcado para às 10h desta segunda-feira (25)
Suspeito saiu da delegacia em carro descaracterizado / Cristiano Arruda
Em depoimento na manhã desta segunda-feira (25), o professor acusado de cometer estupros contra a própria afilhada e a irmã dela, permaneceu em silêncio o tempo todo e disse que só falaria em Juízo.
O depoimento que estava marcado para a manhã de hoje e durou cerca de 30 minutos.
De acordo com a Delegada Titular da Delegacia de Atendimento à Mulher de Aquidauana, Joilce Silveira Ramos, o suspeito foi questionado sobre os abusos praticados, entretanto preferiu permanecer em silêncio em todo o depoimento, por orientação do próprio advogado.
Questionado sobre os crimes cometidos pelo professor, Samuel Chiesa, advogado do acusado “o crime corre em segredo de justiça e não posso comentar”, afirmou com muito apressado.
Ainda de acordo com a delegada, faltam ouvir duas testemunhas indiretas para que o caso seja encerrado e que nos autos do processo existem elementos suficientes que comprovam o ato praticado pelo professor.
Joilce diz que é comuns mulheres relatarem os abusos cometidos na infância após atingirem a maioridade. "É importante que elas façam a denuncia para que o crime seja investigado”, pontua a delegada que falou sobre a Lei Joana Maranhão.
Lei Joana Maranhão
A proposta legislativa foi batizada de Lei Joanna Maranhão, em referência à nadadora brasileira que foi molestada sexualmente em sua infância, quando contava com nove anos de idade, pelo seu treinador. Somente 12 anos após a atleta pernambucana apontou o responsável pelo assédio sexual.
“A lei não retroage todas as vezes que for prejudicar o réu. Então a lei só vale a partir da data que foi publicada. Desta data pra frente os crimes de estupro de vulnerável, se tornou imprescritível, ou seja, mesmo que a mulher tenha 50 anos de idade e resolver denunciar, a gente vai investigar”, concluiu a delegada.
Fato:
O caso veio à tona em dezembro, quando a vítima, hoje com 18 anos, relatou o ocorrido à mãe após se deparar com o abusador em uma reunião familiar. Conforme apurado, a garota mora em Campo Grande. No último dia 7, esteve em Aquidauana juntamente com uma amiga. Por estar de folga do trabalho, a mãe dela decidiu promover um jantar e convidou amigos e familiares.
Um dos convidados era o professor e também padrinho da vítima. Ao vê-lo, a jovem começou a se sentir mal, ficou assustada e se trancou no quarto, onde chorou. A amiga estava com ela e relatou o ocorrido à mãe, que até então não fazia ideia do abuso. Diante dos fatos, no dia seguinte a jovem foi levada de volta para Campo Grande.
A irmã dela, de 15 anos, também relatou ter sido ‘tocada’ várias vezes pelo professor. Ambas as jovens tiveram problemas de depressão e tentativa de suicídio em razão do ocorrido.
Matéria com colaboração de Reinaldo Pintado
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