A família da universitária Bianca Mantelle Pazinatto, 18 anos, assassinada a facadas em Jataí, no sudoeste de Goiás, nega que a jovem tivesse qualquer relacionamento homoafetivo com uma das menores suspeitas de cometer o crime. ?Ela não queria envolvimento com essa menina. Bianca era perseguida por ela?, contou Júlia Pazzinato, tia da vítima, em entrevista à TV Anhanguera.
De acordo com Júlia, a menor de 17 anos, que foi apreendida com outra amiga de 16 anos por suspeita de matar Bianca, tentou forçar um relacionamento. ?Ela [a sobrinha] não queria essa amizade, mas a menina a cercava, não a deixava respirar. A adolescente estava sempre procurando por ela, tocando a campainha da casa. Tanto que, quando Bianca via pelas câmeras que se tratava da suspeita, nem atendia?, explicou a tia.
O corpo de Bianca foi encontrado na segunda-feira (29) na casa da menina mais velha, embrulhado em sacos plásticos debaixo de uma cama. Em entrevista, a suspeita contou que a motivação do assassinato seria a recusa da vítima em manter um namoro. "Ela não ia ficar comigo. Não queria que ficasse com mais ninguém também", declarou. Segundo a suspeita, Bianca tentou lutar antes de ser morta. ?Ela se debateu e queria gritar. Ficou muito desesperada?.
Os pais da estudante ainda não falaram sobre o crime. No entanto, um tio da jovem garante que ninguém da família tinha conhecimento sobre o interesse amoroso da menina por Bianca. ?Não sabíamos nem da tal carta em que a garota se declarou. Se havia a vontade de um relacionamento, era por parte da menor, pois minha sobrinha nunca correspondeu. Ela até tinha um namorado?, afirmou João Pazinatto.
Investigação
A vítima teria sido morta às 10h30 da última segunda-feira, mas só foi encontrada às 19h. Ao G1, o delegado responsável pelo caso, André Fernandes, explicou que, ao sair de casa, na segunda-feira, a vítima esqueceu o telefone. Quando os policiais chegaram à residência dela, inspecionaram o aparelho e encontraram uma troca de mensagens pelo aplicativo WhatsApp em que ela combinava de se encontrar com a amiga de 17 anos.
A partir das mensagens e da carta com uma declaração de amor, também encontrada em meio aos pertences de Bianca, a polícia começou a suspeitar do envolvimento das adolescentes com o desaparecimento da jovem. Os policiais procuraram pelas moças, que em um primeiro momento, afirmaram não saber do paradeiro da vítima.
No entanto, por volta das 18 horas de segunda-feira, o delegado se reuniu com a equipe e um dos policias conseguiu identificar que uma das suspeitas usava uma calça jeans com mancha de sangue. "Então, imediatamente, solicitei que todas as equipes voltassem à rua e solicitassem aos familiares uma vistoria no interior das residências", informou André Fernandes. O corpo de Bianca estava na casa da menina mais velha.
Suspeitas
As duas adolescentes estão na Delegacia de Apuração de Atos Infracionais (Depai), em Goiânia. Elas foram transferidas na terça-feira (30), após um pedido do Conselho Tutelar de Jataí, que temia que a integridade física delas não pudesse ser resguardada na cidade, já que há uma forte comoção popular com o crime.
As duas dividem a mesma cela na Depai. A titular da delegacia, Nadir Cordeiro, disse que conversou informalmente com as garotas e que as duas não demonstram arrependimento e apresentam comportamento frio e calculista. As garotas podem ficar na Depai por, no máximo, cinco dias, segundo determinação do Estatuto da Criança e do Adolescente.
O delegado André Fernandes começou a ouvir testemunhas sobre o caso na quarta-feira (31).