O senador Delcídio do Amaral (PT/MS) disse ontem que o Senado vive hoje um clima de ressaca, depois da sessão secreta que culminou na rejeição da proposta de cassar o mandato do presidente da Casa, Renan Calheiros (PMDB/AL), por quebra do decoro parlamentar.
- O Brasil acordou nesta quinta-feira preocupado e frustrado. Foi inacreditável o que vi na sessão de ontem. Jamais poderia imaginar que um Parlamento realizasse uma sessão a que ninguém pudesse ter acesso. Uma sessão secreta sem qualquer resultado prático, uma sessão de faz-de-conta, em que os vazamentos proliferavam em grande volume. Quero deixar claro meu absoluto constrangimento de ter participado daquela sessão, uma sessão, no meu ponto de vista, triste para o Senado Federal e para o Congresso Nacional - lamentou Delcídio em discurso na Tribuna.
Apesar do placar favorável a Renan, o parlamentar sul-mato-grossense disse que, na prática, todos perderam.
- O quadro que vejo hoje é o de uma vitória de Pirro, onde ninguém ganhou. Pirro venceu a batalha, olhou à sua volta e viu que estavam todos dizimados - afirmou Delcídio, ao comparar o resultado da sessão de quarta-feira à vitória do general grego Pirro na Batalha de Ásculo contra os romanos, com um número considerável de baixas. Ao ser cumprimentado pela vitória, Pirro disse, preocupado: "Mais uma vitória como esta, e estou perdido". Por isso "vitória de Pirro" é uma expressão utilizada para expressar uma vitória obtida a alto preço, potencialmente acarretadora de prejuízos irreparáveis, tanto para os perdedores quanto para os ganhadores.
Delcídio voltou a defender a aprovação do projeto apresentado por ele e o senador Eduardo Suplicy (PT/SP) que acaba com as sessões fechadas no Senado, quando o assunto em pauta é a cassação do mandato de algum senador.
- Considero importantíssima a caracterização como urgência do projeto que apresentamos para fazer essas sessões abertas, alterando-se, única e exclusivamente, o Regimento do Senado, para trazer a transparência que, infelizmente, faltou aqui - acredita o senador.
Delcídio fez questão de ressaltar que não se absteve na votação de quarta-feira.
- Eu votaria contra ou a favor, mas não me absteria numa situação como essa. Gostaria de deixar isso muito claro, para que não ocorram dúvidas. E deixo claro também que dissensões ocorreram em todos os Partidos. É importante deixar registrado isso. E é sabidamente conhecido de todos aqui - garantiu.
O senador sul-mato-grossense lembrou que tramita no Senado, desde 12 de julho, um projeto de autoria dele sugerindo que assim que o Conselho de Ética receba um processo contra algum senador que estiver na Mesa Diretora, no Conselho de Ética ou nas Comissões Permanentes, esse parlamentar, automaticamente, deverá se afastar das suas funções.
- Precisamos olhar a questão da tramitação célere destas matérias, a sessão aberta, o voto aberto e também desse projeto de afastamento de componentes da Mesa Diretora ou das Comissões, para que, efetivamente, não tenhamos nenhum problema na tramitação dessas matérias. Não podemos continuar arrastando-nos até o final do ano, esperando 2008, para trabalhar normalmente no Senado, porque se seguirmos na análise desses processos dentro dos rituais praticados atualmente, nem sei quando essa novela terminará - ponderou.
Delcídio quer a retomada imediata da rotina do Senado.
- Precisamos fazer um esforço para que o Senado volte a funcionar normalmente. Com todo o seu desgaste e, independentemente do veredicto, o nosso presidente (Renan Calheiros) hoje entende claramente que o Senado sofreu muito. Esperamos que, a partir de agora, ele tenha não só solidariedade, mas compreensão, sensibilidade e generosidade, para que venhamos a encontrar uma solução para que o Senado volte a debater e a aprovar as matérias que são importantes para o nosso futuro, para o crescimento do Brasil - defende o senador sul-mato-grossense.
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