Ameaçado de enfrentar processo por quebra de decoro na Câmara, o deputado Olavo Calheiros (PMDB-AL) saiu em socorro do irmão Renan Calheiros (PMDB-AL) e enviou ao Conselho de Ética do Senado uma série de notas fiscais de compra e venda de gado.
Os documentos chegaram ontem ao Senado e aguardam assinatura do primeiro-vice-presidente da Casa, Tião Viana (PT-AC), para serem remetidos ao Instituto Nacional de Criminalística da Polícia Federal, responsável pela perícia nos papéis de Renan.
A previsão dos peritos da PF é começar amanhã a análise de todos os documentos. A partir daí, o prazo para conclusão da perícia é de 20 dias.
O objetivo é atestar a autenticidade dos papéis e verificar se o senador tinha ou não fonte de renda suficiente para lastrear suas despesas.
Na véspera do recesso, que termina na semana que vem, o PSOL anunciou que entraria com uma representação no Conselho de Ética da Câmara contra Olavo por suposta quebra de decoro.
Segundo reportagem da revista "Veja", a empresa de bebidas Schincariol comprou por R$ 27 milhões uma fábrica de Olavo em Murici (AL), quando o negócio estaria prestes a fechar as portas. O valor estaria acima do de mercado, segundo a revista.
Os dados enviados por Olavo em defesa do irmão integram um terceiro calhamaço de documentos que seguirá para a PF, que também reúne GTAs (Guia de Trânsito Animal) oriundas da Adeal (Agência de Defesa e Inspeção Agropecuária de Alagoas).
Os outros dois malotes --já em posse dos peritos-- contêm recibos, notas fiscais, extratos bancários da conta de Renan no Banco do Brasil e cópia de declarações de IR.
Procurado pela Folha, Olavo confirmou a remessa de documentos, mas se recusou a comentar. "Não tenho nada a informar, nada a esclarecer. Procure o Conselho de Ética", afirmou o peemedebista.
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